A pandemia da Covid-19 está para completar um ano e depois de meses de pesquisas e testes, a tão querida vacina está sendo aplicada na população. Todos nós estamos ansiosos para tomar a vacina contra a Covid-19, mas é preciso seguir alguns critérios estabelecidos pelo Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19 e pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.
Manhuaçu recebeu 1.028 doses da Coronavac em 19 de janeiro, correspondendo a primeira dose e em 29 de janeiro, o município recebeu mais 1.028 doses para a segunda dose, ambas sendo unidoses, ou seja, cada frasco tem apenas uma dose. No mesmo dia também foram enviadas mais 23 doses da Coronavac unidose e mais 15 frascos da mesma, mas multidose, ou seja, cada frasco possui 10 doses, o que totaliza 150 doses e 69 frascos da vacina da Oxford/AstraZeneca, sendo também multidose, o que dá 690 doses.
Diante das dúvidas sobre a vacinação e sobre a vacina, nós fomos conversar com a Coordenadora em Vigilância em Saúde do município, Maria Cristina Caldeira Duarte e com a Coordenadora de Vigilância Epidemiológica e responsável pelo setor de imunização Luane Mota de Sales.
Quem recebe?
Neste primeiro momento a aplicação está sendo nos profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate a Covid-19 e posteriormente outros setores receberão a vacina. “Antes da chegada da vacina, veio uma deliberação explicando como seria essa distribuição. Houve uma preocupação em relação a quem seria primeiramente vacinado e isso é uma regrinha que precisa ser seguida, porque a vacina está vindo fracionada, chegando aos poucos e, essas vacinas são para atender prioritariamente os profissionais que estão na linha de frente. Eles estão em contato direto com paciente e isso traz para eles um risco de vida e de adquirir a doença muito grande. Lembrando que estes profissionais são aqueles que cuidam, que garantem que todos nós sejamos atendidos e tratados”, explica Maria Cristina.
Dentre estes profissionais existem além dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, mas também os maqueiros, motoristas de ambulância que fazem a remoção do paciente e os auxiliares da limpeza. Outro grupo que também foi prioritário nessa primeira fase foram os idosos do Asilo São Vicente de Paulo, além dos profissionais que trabalham em contato com os mesmos. Os profissionais de laboratórios privados que coletam amostras para detectar a doença e os médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem das Unidades Básicas de Saúde e da Renalclin também foram vacinados neste primeiro momento. “Dentro da prioridade temos os mais prioritários, por conta do tipo de serviço que ele está fazendo, por exemplo, nós contávamos com outros profissionais que não são médicos e não são do laboratório que nos ajudavam na coleta. Muitos profissionais da categoria deles vão ser atendidas depois, mas por conta da função que eles exerciam e não por condição da categoria, eles também tiveram que ter prioridade”, explica Maria Cristina.
Luane explica que todo esse critério está embasado em protocolos e documentado, além de conversar com a realidade de Manhuaçu. “Por exemplo, trabalhador da atenção primária é o oitavo grupo, porém aqui estamos trabalhando com o protocolo precoce, então do oitavo eles vieram para primeiro, porque eles são linha de frente, pois o tratamento e o monitoramento é na unidade. O governo coloca de forma geral, mas podemos adaptar para a nossa realidade, inclusive temos um informe nos orientando a fazer isso, desde que comprove essa necessidade”. Maria Cristina ainda completa dizendo que os Bombeiros são também um exemplo dessa adaptação, por conta do suporte que eles estão dando ao município já que não existe o serviço de SAMU e agora eles estão contemplados nesta segunda fase da vacinação.
Sobre as outras categorias que terão o direito a vacina, fora os profissionais de saúde, os profissionais terão que comprovar com documento que fazem parte dela, assim como os pacientes com comorbidades, segundo Luane. “Isso irá acontecer como já acontece em outras campanhas, como a da gripe, eles terão que comprovar que fazem parte da categoria, seja com o contracheque ou outro documento, assim como as comorbidades que precisa de atestado do médico especialista”.
A vacinação
A vacinação é nominal, cada vacina aplicada é registrada em um sistema que é conferido pela Vigilância Epidemiológica se está sendo seguindo os critérios e se aquela pessoa está na lista das prioridades. Essa lista foi passada anteriormente pelos responsáveis de cada local e setor, com nome, função e explicando o porquê que essa pessoa tem o direito a vacina, o que foi conferido pela Vigilância. “Não é só o vacinar, além de vacinar tem que registrar no sistema, porque eu não posso ficar perdida. Pode chegar uma pessoa e não saber se tomou ou não a vacina, aí você confere no sistema e vê que ele tomou a primeira dose, então tem que tomar a segunda. Nós da Vigilância temos acesso com uma senha especial, a gente consegue ver o que está sendo lançado, qual quantidade, se tem perda de alguma dose, temos todos esses controles. Temos que informar o painel de vacinação também, tudo tem que está registrado no sistema senão eles não mandam mais para nós. Então o ideal é eu receber essa vacina, fazer o planejamento para onde vai e quem vai receber, distribuir, para receber mais doses”, explica Luane que ainda enfatiza que não tem como alterar os dados já registrados no sistema.
Ao serem questionadas sobre a demora na imunização, ambas disseram que não estão trabalhando com prazos, pois é necessária uma logística de distribuição bem feita para que não se perca nenhuma dose, além de garantir a cobertura de 90% na vacinação de cada categoria. “É preciso se atentar as especificidades da vacina. A Coronavac, após abrir o frasco, ela tem validade de 8 horas, já a AstraZeneca vale por apenas 6 horas. Então se eu abrir um frasco que contém 10 doses, eu tenho que garantir que existam 10 pessoas para tomar essas doses, para que não se perca nenhuma dose”, explica Luane que ainda completa que o intervalo entre as doses é 15 a 30 dias para a Coronovac e de três meses para AstraZeneca.
Luane também explica que podem existir casos de devolução das doses para Vigilância, dentre elas, se por acaso o profissional se recusar a tomar a vacina. “Existe um termo onde é registrado a recusa e o profissional assina. Outra situação é que se ele estiver com algum sintoma relacionado à Covid, ele tem que esperar 30 dias após os primeiros sintomas, como também se está assintomático, mas fez o teste e deu positivo, tem que esperar 30 dias após esse teste”. Ainda sobre estes casos de profissionais contaminados, Luane explica que após esse período de espera, a pessoa deve procurar a UBS para tomar a vacina. “A vacina não vai ficar aqui esperando com o nome dela, eu vou redistribuir, aí depois orientamos a ela ir até o posto de saúde, mesmo que outra categoria esteja vacinando, ela tem o direito a esta vacina”.
Não é aconselhável que gestantes, lactantes e mães que tiveram filho recentemente tomarem a vacina, pois ainda não se teve estudos sobre possíveis reações. “Mas se o médico dela fornecer uma receita autorizando ela a tomar, aí vai ser um acordo entre ela e o profissional”, destaca Luane.
Maria Cristina destaca que todos nós estamos ansiosos para receber a vacina, mas que é preciso um pouco de paciência da população. “É importante lembrar que essa é uma campanha diferenciada de todas as campanhas que a gente já trabalhou. A população precisa entender que acontece de uma forma mais lenta mesmo, o que para eles é lento para a gente não é, porque a gente não para de trabalhar por conta da necessidade de pensar na logística, como vai acontecer, quem que vai atender. Sabemos da ansiedade, do cansaço, das perdas inestimáveis de todos, mas é preciso muito cautela”. Ela ainda reforça que a Vigilância em Saúde e Epidemiológica está disponível para responder qualquer dúvida ou questionamento sobre as vacinas.
(Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Manhuaçu)