Pesquisas recentes mostram que as sementes de café germinam e as mudas crescem bem em substrato de esterco bovino
A forma usual de fazer germinar as sementes de café e de proceder a formação de mudas é através do semeio direto em substrato composto por terra + esterco+ adubo químico, existindo a alternativa de semear em leito de areia e fazer a repicagem para os recipientes, com substrato onde a predominância (cerca de 80%) é de terra.
Pesquisas realizadas, nos últimos anos, por técnicos da Fundação Procafé, mostraram que em substrato artificial, de fibra de coco, as sementes de café germinam melhor, sendo este comportamento atribuído à produção de etileno por esse substrato.
Na produção de mudas de café são essenciais os cuidados para evitar a sua contaminação por nematoides, o que vem sendo dificultado pela ausência de produtos para desinfecção dos substratos. Essa tarefa, de produzir mudas livres dessa praga, ficou mais difícil, agora pela exigência das autoridades sanitárias, em alguns Estados, de considerar, também, nematoides do gênero Pratylenchus. Como se conhece, esse nematoide está presente na quase totalidade das terras, as quais, assim, devem ser excluídas do substrato.
As alternativas para substituir o uso da terá seriam os substratos artificiais, usados em mudas de tubetes, de bandeja ou de sacolas de TNT. Nas sacolinha plásticas, recipientes mais usados para mudas de café, surgiu a opção de uso de esterco bovino puro, um insumo fácil de obter ao nível das propriedades. Dois ensaios foram realizados, recentemente, para viabilizar o uso desse esterco. No primeiro ficou comprovado o bom desenvolvimento de mudas, e, agora, novamente, verificou-se, até, um melhor comportamento do esterco puro, e, pasmem, do próprio esterco verde, sendo mais favorável, apesar da suspeita que havia, a princípio, que ele poderia, pela sua fermentação, prejudicar a germinação das sementes.
Na tabela 1 e nas fotos ilustrativas do ensaio, aqui incluídas, podem ser observados os melhores resultados obtidos com o esterco.
Quanto ao problema da necessidade de exclusão de nematoides no substrato, o esterco atende a essa característica, pois é oriundo do trato digestivo dos bovinos, onde a temperatura normal é de cerca de 39º C e, também, ocorre a ausência de oxigênio e a ação de enzimas digestivas, condições letais aos nematoides, que porventura existam no alimento ingerido pelo gado (capim e outros).
Conclui-se, assim, que o esterco bovino pode ser uma boa opção, eficiente e econômica, para substituir o substrato usual, onde a terra entra na maior parte da composição, para a produção de mudas de café.
(Fundação Procafé (Por J.B. Matiello e M. Jordão Filho– Engs Agrs Fundação Procafé e Igor R. Queiroz, Lucas Ubiali e Leandro Andrade – Engs. Agrs. Bolsistas Fundação Procafé; Diogo Cintra – Estagiário Fundação Procafé)