Dona Dica se mudou para Santana do Manhuaçu durante a infância, acompanhada da família, que iria trabalhar na plantação de café de uma propriedade no município. Eles partiram de Mar de Espanha, cidade mineira a pouco mais de 300 km de distância, deixando para trás suas raízes e um passado sofrido.
Seu avô foi uma das vítimas da escravidão no Brasil, abolida em 1.888 com a Lei Áurea, embora seus resquícios perdurassem. Tanto que sua mãe chegou a trabalhar em troca de comida. E, ainda criança, Dona Dica começou a ajudar nas tarefas na roça. Ela precisou abrir mão dos estudos para capinar, socar café e preparar a terra.
Casou-se em outubro de 1935 e ficou viúva pouco após completar Bodas de Ouro.
Esposa, mãe, avó, bisavó e tataravó, ela teve 11 filhos dos quais sete já morreram, mais de 40 netos, cerca de 70 bisnetos e mais de 25 tataranetos.
Mulher de fé, garra e determinação, ela foi parteira por mais de 60 anos em Santana do Manhuaçu, e trouxe a vida dezenas de crianças em nossa cidade, muitos talvez nem a conhecem ou conheceram. Segundo familiares, ela se orgulhava de ter feito o parto de trigêmeos.
Em 2020, durante as eleições municipais, ela virou notícia no país inteiro por ser a candidata a vereadora mais idosa do Brasil, mas, não foi eleita, ela teve apenas 33 votos.
A informação do falecimento foi confirmada pela família.
Fonte: Portal Santanense