A equipe da revista Hortifruti Brasil, publicação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, traz na edição de março uma análise da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sobre o perfil do brasileiro quanto aos hábitos alimentares.
A equipe avaliou os dados mais recentes da POF, referentes aos anos de 2017-2018, e os comparou com a pesquisa anterior, de 2008-2009, com ênfase no dispêndio agregado de frutas e hortaliças no Brasil e sua relação com a renda. E a pandemia de covid-19 – que ocorreu após a última pesquisa da POF e que também foi analisada nesta edição – mostra mudanças no comportamento do consumo do brasileiro desde 2020.
No geral, pesquisadores do Cepea constataram que o consumidor manteve a mesma proporção do seu orçamento para comprar frutas e hortaliças no período de 10 anos. No entanto, houve queda do consumo per capita dos hortifrútis entre 2008-2009 e 2017-2018, o que é explicado, em termos gerais, pelo poder de compra limitado do consumidor e pelo aumento médio dos preços dos hortifrútis. A banana continua sendo a fruta mais consumida pelos brasileiros, com a laranja, melancia e maçã vindas na sequência. No caso das hortaliças, o tomate é o destaque, seguido por batata, cebola e cenoura.
Se levada em conta que a retomada do crescimento da economia no Brasil é restrita no curto prazo, dado o prolongamento da pandemia em 2021 e o aumento do déficit fiscal, o brasileiro pode continuar com a renda mais apertada e, consequentemente, destinando um orçamento fixo (ou até menor) ao consumo de frutas e hortaliças. Assim, é um grande desafio para o setor oferecer um produto acessível para as classes de médio e baixo poderes aquisitivos, bem como capturar o valor que a população atualmente despende em alimentos de menor valor nutricional (como os ultraprocessados).
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(CEPEA)