A reciclagem de cápsulas de café é uma das estratégias da Nespresso para atingir a ambiciosa meta de ser neutra em emissões de gases de efeito estufa até 2022. Para isso, uma parceria com os Correios foi a alternativa diante dos desafios causados pela pandemia de Covid-19.
Por meio do projeto-piloto, cápsulas de café usadas poderão ser depositadas nas agências e os próprios Correios farão a transferência do material até o centro de reciclagem da Nespresso, em Osasco, região metropolitana de São Paulo, onde é feita a separação do pó de café e do alumínio sem a utilização de água.
Cecília Soares, gerente de sustentabilidade da Nespresso no Brasil, afirma que a ação já está em período experimental em Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Piracicaba (SP) e Santos (SP), cidades em que há alta concentração de consumidores.
“É disponibilizado um coletor, em papelão, para ser ponto de coleta. Quando estiver cheio, pode ser fechado e enviado para o centro de reciclagem”, conta. O potencial é de expandir o projeto para até 3.500 agências. “Toda cidade do Brasil tende a ter, pelo menos, uma agência dos Correios. É uma forma de estarmos mais perto de todos os nossos clientes”, diz.
Ela afirma que 100% dos clientes da Nespresso estão contemplados com alguma alternativa de logística reversa para reciclagem das cápsulas usadas, mas admite que “falta comunicar, buscar engajamento do consumidor, e mostrar o quanto o papel dele é importante e gera benefícios”.
Sem revelar a quantidade de cápsulas comercializadas, a gerente de sustentabilidade admite que não há um controle preciso do número de cápsulas que são, efetivamente, recicladas. Há uma diferença entre a capacidade de coleta e de reciclagem, e ambas as atividades foram afetadas pela pandemia.
Enquanto os índices de reciclagem giravam em torno de 23% em 2019, o número caiu para 15% em 2020. “Nosso principal ponto de coleta das cápsulas vazias são as boutiques, como as lojas do shopping. Com o fechamento do comércio e o isolamento social, sentimos essa diferença. Cooperativas de reciclagem também pararam de reciclar e o nosso centro de reciclagem não parou, mas diminuiu”, explica.
Ainda assim, a meta é que os 23% sejam retomados em 2021 e, até 2025, o volume alcance os 50%. Para ambos os números, o projeto com os Correios é estratégico, mas, mais do que isso, o engajamento do público se faz necessário.
O pó de café e o alumínio são matérias-primas para a economia circular. Isso porque, ambos voltam para a reutilização, dando vida a novos materiais, explica Cecília. No caso do café, todo o pó recolhido é enviado à Cooperapas, cooperativa de agroecologia na periferia de São Paulo.
Já o alumínio é destinado para a indústria química e se torna, por exemplo, peças de esquadria. Apesar de saber que esta é uma indústria que costuma contribuir para a poluição do meio ambiente, Cecília pondera que a reciclagem do alumínio economiza 95% de energia em comparação a um alumínio virgem.
“A gente não consegue ainda saber o que esse alumínio vai se tornar, mas é melhor do que ser um passivo ambiental visível nos lares e ir para o lixo doméstico e aterros sanitários”, defende.
Plantio de árvores
Além da economia circular, a Nespresso também aposta no plantio de árvores em comunhão com a SOS Mata Atlântica. De acordo com a empresa, 70 mil árvores de mais de 60 espécies nativas foram plantadas, em 20 hectares. A meta é que, em cinco anos, sejam plantadas 700 mil.
Cerca de 60 hectares também foram restaurados na região de Carmo de Minas (MG) e Carmo de Paranaíba (MG), por meio do reflorestamento de mais de 100 mil árvores nativas.
Cecília também indica que a companhia está de olho no mercado de carbono. Sem entrar em detalhes, ela revela que “toda a negociação das compras de crédito de carbono não vai ser feita pelo Brasil”, mas conduzida pela Suíça, por meio de certificadoras europeias.
“Se as mudanças climáticas acontecerem, como podem acontecer, o futuro do café está ameaçado. Então a gente tem que agir o mais rápido possível. O tema se tornou urgente. Consumidores não vão mais aceitar empresas que não estejam alertas à exigência do clima”, afirma.
(GLOBO RURAL)