À luz da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, plano global de metas para o futuro, o trabalho The fallacy of organic and conventional fruit and vegetable prices in the metropolitan region of Campinas, SP, Brazil, dos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Maria Aico Watanabe, Lucimar Abreu e Alfredo Luiz, publicado no Journal of Asian Rural Studies, 2020, visa contribuir para o debate internacional, divulgando os resultados da pesquisa na revista da Universidade Hasanuddin (UNHAS) em colaboração com a Associação Asiática de Sociologia Rural (ARSA). O artigo está disponível aqui.
Segundo os autores, uma das contribuições da pesquisa foi a descoberta de que nos supermercados os preços dos produtos orgânicos são de fato mais altos do que os produtos convencionais, mas em feiras livres, por outro lado, muitos dos alimentos orgânicos apresentam preços ainda mais baixos ou iguais aos convencionais, demonstrando que a afirmação genérica de que os produtos orgânicos são sempre mais caros do que os convencionais é uma falácia. Por meio desta pesquisa foram definidas estratégias para compra de produtos na cidade de Campinas, as quais foram recomendadas aos consumidores de baixa renda e esses conhecimentos podem servir de subsídios para o estabelecimento de um programa de educação alimentar.
As descobertas científicas das últimas décadas sobre os meios para manter a boa saúde estão levando a população a se preocupar cada vez mais com a alimentação. A revisão da literatura realizada pelos autores mostra que, entre outras decisões, as pessoas estão buscando, cada vez mais, o consumo de alimentos orgânicos e ecológicos.
Mas estes produtos são normalmente considerados caros e há obstáculos no que diz respeito à sua disponibilidade durante todo o ano, à sua qualidade, quantidade, entre outros.
Alguns autores afirmam que no Brasil os supermercados são os canais de venda preferenciais para a compra de produtos, pois os clientes preferem encontrar tudo o que precisam em um só lugar e onde podem escolher os produtos diretamente das prateleiras. Entretanto, observou-se na pesquisa em feiras livres de Campinas que, além de comprar produtos mais baratos, frescos e saudáveis, nestes canais de produtos vegetais, os consumidores podem conhecer os produtores dos alimentos que estão comprando, uma vez que, em geral, os feirantes são os próprios agricultores.
O crescimento de um mercado constituído por agricultores familiares em um distrito ou localidade beneficia a comunidade, especialmente aquela associada ao consumo consciente e também os consumidores de baixa renda que compram mais produtos locais e da estação, com mais segurança alimentar, contribuindo para a diversidade agrícola e ecológica além de viabilizar economicamente a permanência desses agricultores familiares no meio rural próximo de grandes metrópoles.
A questão central nesta pesquisa foi investigar onde é possível encontrar os produtos orgânicos com preços mais acessíveis aos consumidores em geral e, particularmente, aos de baixa renda, para entender como eles podem obter alimentos saudáveis, frescos, diversos e da estação. Essa questão foi a inspiração da pesquisa e ela é, sem dúvida, uma questão profundamente desafiadora, acreditam os autores.
(Cristina Tordin / Embrapa Meio Ambiente)