A casca ou palha de café é um subproduto da própria lavoura, sendo oriunda do beneficiamento dos frutos, resultando em grande quantidade, equivalente a cerca de 50%, em peso, do café colhido. Ultimamente a palha tem sido muito usada para queima, como fonte de calor, nas fornalhas de secadores. No entanto, seu uso como adubo orgânico, com seu retorno para a lavoura, deve ser prioritário.
Dependendo do processamento do pós-colheita a palha pode ser de 3 tipos. Aquela da casca do café despolpado, a do café seco em coco, a mais comum, e a resultante do beneficiamento do pergaminho do café despolpado. À exceção da palha do pergaminho as demais apresentam bom conteúdo nutricional. Além do fornecimento de nutrientes, com liberação gradual e bom aproveitamento, a palha ajuda a melhorar as condições físicas e biológicas do solo. A composição em NPK dos 3 tipos de palha, em comparação com a fonte esterco de curral, está apresentada na tabela 1.
O retorno da palha de café para a lavoura pode representar economia significativa, pois complementa e melhora o efeito da adubação química, sem custos de aquisição, pois é um resíduo da própria lavoura, só com despesas na sua aplicação, hoje facilitada, de forma mecanizada, Na tabela 2 podem ser observados resultados dessa combinação.
Além disso, pode-se, nas fazendas, ter alternativas melhores para uso como fonte de calor, por exemplo a lenha de eucaliptos. O custo de implantação e manejo de 1 ha de eucalipto fica em cerca de R$ 10 mil em 7 anos e rende cerca de 300 m3 de lenha ou o equivalente a cerca de 43 m3 por ano, ou cerca de 28 t de madeira/ano. Enquanto isso, para uma produtividade de 30 sacas de café/há a palha produzida corresponde a 1,8 t /ano e as despesas por ha são de cerca de R$ 12-14 mil/ano, portanto, produzir palha, como fonte de calor, é pouquíssimo competitivo.
Caso, por qualquer razão, o cafeicultor decida queimar a palha de café, como fonte de calor em secadores, a cinza resultante, obtida nas fornalhas, também deve ser aproveitada na lavoura. Em estudo realizado na FEX da Fundação Procafé, em Varginha, foi tomado 1 kg de palha de café seca (cerca de 10% de umidade), oriunda do beneficiamento de café em coco, depois de queimada, o 1º resíduo, uma forma de carvão, resultou em 0,62 kg, e, prosseguindo na queima, até tudo virar cinza, chegou-se a apenas 40 gramas. Como a palha de café, em peso seco, tem, em média, para NPK, 1,5%, 0,15% e 3,0%, respectivamente, e sabendo-se que os nutrientes voláteis, ou seja, aqueles que se perdem com a queima, são apenas o nitrogênio e o enxofre, pode-se verificar que a cinza não vai conter estes 2 nutrientes, os demais seriam concentrados em cerca de 22 vezes, ou seja, a cinza da queima da palha teria 3,3% de P, 66% de K etc, ou 7,2% de P2O5, 72 % de K2O etc.
Apesar dessa boa riqueza nutricional das cinzas, a maioria dos produtores não as utilizam adequadamente. É comum o seu descarte incorreto, acarretando contaminação do ambiente (solo, plantas e água) e desperdício dos nutrientes disponíveis, principalmente do potássio, exigido em grandes quantidades pelos cafeeiros e que possui alto custo.
A palha do café ou suas cinzas devem ser armazenadas em local seco e protegido da chuva, e aplicadas nas lavouras, em cobertura, em dosagem adequada, observando a disponibilidade do solo e demanda das plantas, principalmente em relação ao K, para evitar desequilíbrios.
Fonte: Fundação Procafé (Por J. B. Matiello e Marcelo Jordão Filho – Engs Agrs Fundação Procafé e Tiago de Souza – Eng Agr Consultor em cafeicultura)