O agronegócio brasileiro, prestes a colher mais uma safra recorde de grãos, sem contar as outras culturas tão fundamentais quanto, como cana, café, hortifrúti, entre outros, tem atraído investimentos também da área de máquinas com sede fora do país e que buscam aumentar seu mercado e tecnologias para o mercado nacional.
A indiana Mahindra, marca que comemorou 75 anos em 2020, mira cada vez mais o Brasil. No ano passado foram produzidos 310 mil tratores a nível global, sendo a maior fabricante mesmo com a pandemia, crescendo 5,3%. No país o crescimento de mercado é ainda mais expressivo. A marca cresceu 43% no ano passado enquanto a indústria de tratores brasileira fechou em 5,7%. Atualmente são 40 pontos de venda no país crescendo em abrangência chegando a 47 em março. Em 2019 eram 28 pontos.
Nacionalização da linha
Em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (4) a marca anunciou a nacionalização da linha 6000 de tratores. São três modelos de 57, 65 e 80 cv que estão presentes no Brasil desde 2019.
“Todos os fabricantes gostariam de ter linhas nacionalizadas e nós estamos fazendo de acordo com os equipamentos mais vitais. Um produto nacionalizado pode aumentar em 40% as vendas de uma marca”, destaca o diretor geral de operações da Mahindra no Brasil, Jak Torreta Jr.
O investimento para a nacionalização dos modelos não é divulgado mas foram necessárias adequações em várias áreas desde engenharia, qualidade, logística, manufatura até adequações na fábrica em Dois Irmãos (RS).
A nacionalização começou integrando várias áreas do desenvolvimento do projeto e processo do novo trator. Executivos do Brasil e Índia avaliaram cada etapa desde o escopo inicial, testagem da máquina, desenho, características, testes de campo e como seriam atingidos os objetivos de resultados no desempenho do trator.
Depois do projeto foi desenvolvido um plano de validação de 1200 horas somente no eixo frontal, 100% nacional. Foram montados dois protótipos que seguiram para testes a campo para validação da performance. A etapa seguinte incluiu o desenvolvimento e validação de mais de 150 componentes nacionais e mais um trabalho de mais 300 horas no campo para ver resistência e características. Os testes foram realizados em campos de provas da Randon, em Caxias do Sul (RS). “Queríamos entregar algo testado e chancelado ao mercado”, conta Anderson Mello, gerente de manufatura e engenharia.
O plano finalizou em junho de 2020 até a execução e lançamento. Até o final do ano passado já foram produzidas 8 unidades da linha totalmente nacionais. Dos 11 modelos da marca no Brasil sete são nacionalizados, o que facilita o financiamento por linhas do BNDES e recursos do Plano Safra.
Lançamento para o médio produtor
A Mahindra também lançou um novo modelo de trator voltado para os médios produtores. Fornecido pela turca Erkunt, o modelo 86-110 Premium, com 110 cv de potência, já está sendo comercializado e também tem planos de nacionalização.
O trator vem com duas versões: plataforma e cabinado e atende quem busca uma máquina funcional e tecnificada, desde grãos até aplicações específicas que exigem preparo de solo, como batata por exemplo. “Consideramos um marco histórico porque nos coloca em um mercado competitivo, entrando em uma nova categoria de clientes que exigem um material bonito e tecnificado”, diz Gilberto Dutra, especialista de marketing de produtos.
A máquina traz alguns diferenciais em relação a seus concorrentes de categoria. Entre as principais está a tomada de potência de quatro velocidades. “Isso é único da categoria. Concorrentes entregam entre 1 e 2 velocidades”, ressalta Dutra. Outro diferencial está na transmissão Power shift com reversor, 16 marchas a frente e 16 atrás, sendo 10 marchas na principal faixa de trabalho.
Entre outras características ainda se destacam a iluminação da cabine que é em led e é envidraçada para visão ampla do operador; sistema de freio pneumático também para operação com carreta; amplo espaço interno; peso distribuído para facilitar operação; paralama dianteiro por mola para giros menores, dando mais agilidade em manobra e motor adequado à legislação MAR-1.
Trata-se de um trator para jornadas longas, com tanque de 110 litros e com exclusivo terceiro ponto controlado de forma hidráulica, com agilidade para acoplar implementos, modelo já adotado fora do Brasil. A garantia é de 1.500 horas e manutenção a cada 300 horas.
Ainda está nos planos da marca o lançamento de um novo trator até junho deste ano. “O mercado brasileiro é nossa aposta”, finaliza Torreta.
(Fonte: Agrolink)