sábado , 23 novembro 2024
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Manejo biológico age contra nematoides no café

lavoura de caféA produção cafeeira é uma das mais importantes atividades da economia do agronegócio no Brasil. Somos líder na produção mundial de café, com 46,87 milhões de sacas produzidas na safra 20/21, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e estamos em primeiro lugar do ranking nas exportações para o mercado exterior. O cultivo do café até chegar à xícara envolve uma cadeia, desde sua produção com o cafeicultor dedicado em produzir grãos de qualidade, cooperativas, revendedoras, corretores, torrefadoras, chega até as cafeterias e em nossas casas como consumidores.

Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Biológico, uma estimativa aponta que a produtividade pode ser reduzida em torno de 20% devido à ação dos nematoides. Nos cafezais do Brasil as principais infestações são de fitonematoides dos gêneros Meloidogyne sp. e Pratylenchus sp., sendo as principais espécies os M. incognita e M. paranaensis, que afetam o sistema radicular do cafeeiro, ocasionando necroses e rachaduras, ficando com aspecto de cortiça e prejudicam as raízes principais. Já o M. exigua penetra e forma galhas no sistema radicular, composto pelas raízes absorventes, em baixas populações afetam menos a produção em comparação às demais espécies do gênero, porém quanto maior o nível populacional e frequência de reboleiras com plantas atacadas por essa espécie, maior será o impacto na produção.

A ocorrência dessas espécies afeta a absorção de água e nutrientes, prejudicando o desenvolvimento das plantas, que se tornam fracas, depauperadas influenciando diretamente na produtividade e chegam até a morrer.  Outras espécies desse gênero também afetam a cultura do café, dentre elas M. coffeicola uma espécie importante que danifica o sistema radicular primário, porém por ter número reduzido de hospedeiras e baixa permanência pode ser mais facilmente manejada. Os nematoides do gênero Pratylenchus sp. causam lesões nas raízes e a preocupação com a ocorrência de espécies desse gênero tem aumentado nos últimos anos, podendo afetar mudas e plantas em produção.

A disseminação dos nematoides pode ocorrer por mudas infestadas, pelas enxurradas, trânsito de implementos agrícolas com torrões de solo contendo nematoides e trânsito de pessoas. Por isso, é importante o cafeicultor ter atenção aos manejos preventivos para que a população de nematoides não fique fora de controle.

 

Por entender a importância tão grande que o café representa ao setor produtivo, a FMC trabalha continuamente em busca de soluções e inovações para combater os desafios de pragas e doenças nos cafezais, para desta forma manter a produção do campo com alta produtividade, qualidade e sustentabilidade. O objetivo da companhia é a proteção do cultivo e temos a campanha “Cada Grão de Café é um motivo de orgulho!”, desenvolvida junto ao setor, onde o propósito é valorizar os cafeicultores a trabalharem continuamente para produzir o grão de café com qualidade.

Selecionamos quatro importantes passos de manejo integrado com biológicos para o controle dos fitonematoides nos cafezais. Confira abaixo:

1 – Amostragem – é o primeiro passo para o manejo. A técnica indicada é fazer a coleta de raízes vivas, longas e o solo da rizosfera. A época chuvosa é a mais adequada para essa coleta porque é o período de ápice da população de nematoide e do desenvolvimento radicular. A partir da amostragem o produtor vai identificar as espécies de nematoides presentes na área e população existente. O número de pontos coletados e a distribuição na área devem ser levados em consideração, visto que os fitonematoides possuem alta variabilidade espacial, ocorrendo geralmente em reboleiras. Por isso, é importante identificar as plantas sintomáticas no talhão para fazer as coletas em plantas sadias próximas a elas.

2 – Variedades Resistentes – a renovação dos cafezais com plantio de cultivares resistentes em áreas infestadas por nematoides é importante ação para diminuição das populações e a produção ser menos afetada. Atualmente existem cultivares de café que toleram algumas espécies de fitonematoides e são produtivas.

 

3 – Rotação de Culturas ou Cultivo intercalar – a rotação de cultura é uma das técnicas mais eficientes para o controle de nematoides em culturas anuais. Por se tratar de uma cultura perene, a rotação não é possível ser feita, mas é possível fazer o cultivo de espécies nas entrelinhas do café, tendo o cuidado para que essas espécies não sejam hospedeiras e multiplicadoras das espécies de fitonematoides presentes na área, podendo inclusive fazer o cultivo de plantas antagonistas, que podem auxiliar na diminuição das populações. A partir disso, quando conhecemos qual o nematoide está presente na área, podemos realizar de maneira efetiva a rotação de culturas, no caso de renovação dos cafezais, ou cultivo intercalar, escolhendo espécies vegetais não hospedeiras.

4 – Controle biológico – o controle biológico é uma maneira prática e eficiente de combater o problema dos nematoides. As soluções biológicas à base de diversos microrganismos, como fungos e bactérias, principalmente bacilos, têm sido utilizadas e apresentam ótimos resultados. Além de promoverem o controle, favorecem melhor desenvolvimento radicular das plantas e aumentam a atividade microbiana do solo, favorecendo a ciclagem e disponibilização de nutrientes. A FMC TEM Soluções e investe neste segmento e acredita que o manejo biológico vai revolucionar a agricultura. Aliar o controle biológico com demais práticas de manejo favorecem melhor controle e menor impacto na produção.

Ter planejamento, e o olhar voltado para esses importantes passos, é uma maneira de combater a população de fitononematoides nos cafezais com resultados.

* Por Marcela Borges – Msc. Eng. Agrônoma e Gerente de Marketing da FMC Agrícola

(Fonte: CONAB e FMC Agrícola)

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