Doença milenar, crônica e curável, mas ainda cercada de mitos, estigmas e preconceitos, a hanseníase tem em janeiro um mês dedicado à atenção para o tema e ao esclarecimento sobre sintomas, prevenção e tratamento. O objetivo da campanha “Janeiro Roxo” é ampliar o conhecimento da população sobre a doença, por meio de ações de conscientização, e reforçar a importância do diagnóstico precoce para evitar a ocorrência de sequelas graves, que geram incapacidades físicas.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país com maior número de casos no mundo, perdendo apenas para a Índia. Já os dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) mostram que, entre 2016 e 2020, foram notificados 5.044 novos casos de hanseníase no estado no período. A maior parte (2.833) é do sexo masculino, o que corresponde a 56,2% do total.
O avanço da ciência e a conquista de direitos promoveram mudanças na política oficial em relação às colônias, colocando fim à crueldade histórica da segregação. As colônias transformaram-se em centros de reabilitação e cuidado ao idoso, com destaque para o tratamento da hanseníase, por meio de uma linha de cuidados exclusiva para este público, atendido por equipes multidisciplinares. As unidades também oferecem atendimento à população em diversas especialidades médicas.
Guia Assistencial
Com o objetivo de delinear e padronizar a assistência em suas Casas de Saúde, a Fhemig lançou, em julho de 2021, o Guia Assistencial de Atendimento nas Casas de Saúde às Pessoas Acometidas pela Hanseníase. A publicação traz as principais orientações aos usuários que têm acesso à linha de cuidado oferecida por estas unidades.
Para cada paciente é elaborado um plano individual, buscando sua autonomia e independência; ou seja, que a pessoa seja capaz de gerir a própria vida a partir de comandos e tomadas de decisões, e de realizar atividades de autocuidado. O guia contempla todos os objetivos da linha de cuidados, mediante sistematização e normatização de assistência das Casas de Saúde, de acordo com os princípios do SUS, garantindo os direitos do usuário”, completa o gerente assistencial da CSSFE, Luiz Antônio Mendes.
Doença e tratamento
Quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico e o tratamento da doença, maiores as chances de cura e de prevenção de suas consequências. A hanseníase pode causar perda de sensibilidade à dor, feridas e perdas dos ossos das extremidades, com deformidades das mãos, pés, nariz e orelhas. O paciente em tratamento deixa de ser transmissor da doença. Os pacientes passam por avaliações clínicas e neurológicas periódicas e recebem orientações sobre o uso correto da medicação.
Para ser atendido em uma das Casas de Saúde, o paciente deve ser encaminhado por um médico de um posto de saúde. Chegando à unidade, o atendimento é feito por um especialista que indica os procedimentos necessários e fornece o pedido para a retirada dos medicamentos, que são distribuídos gratuitamente. O uso da medicação pode ser feito em casa ou em dias pré-agendados nos serviços de saúde da comunidade – “medicação assistida”. A internação pode ser necessária quando o paciente apresenta reações do tipo alérgicas, quando do uso da medicação; nos casos de doença recente (formas agudas), em que o paciente tem muita febre, lesões de pele e dores em todo o corpo e juntas; em casos muito graves ou quando a família não tem condições de acompanhar o início do tratamento em casa.
A duração do tratamento varia de acordo com a forma da doença, podendo levar de 6 meses (para as formas mais brandas) a 24 meses (para as formas mais graves ou de tratamento mais tardio ou resistente). Os sintomas da doença são: aparecimento de caroços ou inchaços no rosto, orelhas, cotovelos e mãos; entupimento constante do nariz, com um pouco de sangue e feridas; redução ou ausência de sensibilidade ao calor, ao frio, à dor e ao tato; manchas em qualquer parte do corpo, que podem ser pálidas, esbranquiçadas ou avermelhadas; partes do corpo dormentes ou amortecidas.