quarta-feira , 18 setembro 2024
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Dona Ione Cordeiro: professora, diretora, orientadora e acolhedora…

Com seu gesto mudou de rumo a vida do Deputado Gonzaga

Pessoas que apoiam sonhos e ajudam a superar os grandes desafios do cotidiano, marcam para sempre a vida daqueles a quem estendem as mãos, com uma impressão indelével no coração. Foi com esta alegria que o Deputado Federal Subtenente Gonzaga visitou a Dona Ione Reis Cordeiro, ex-diretora da Escola Estadual Maria de Lucca Pinto Coelho (antiga Escola Normal), em sua recente visita à Manhuaçu.

O reencontro foi emocionante e a história é muito bonita.

Gonzaga, que é manhuaçuense, nascido nas roças do Distrito de São Sebastião do Sacramento, relatou a atenção que a ex-diretora, Dona Ione, teve com ele em relação aos estudos e ao ingresso no mercado de trabalho, ainda na juventude.

“Depois de 39 anos, encontrei a Professora Dona Ione, ex-diretora da Escola Maria de Lucca, a Escola Normal. Fiz questão de encontrá-la, para agradecer-lhe o benefício, o grande gesto que ela gratuitamente teve comigo, em 1981. Naquele ano, com 17 anos, me inscrevi para o supletivo do 1º grau e, para minha sorte, consegui ser aprovado em todas as matérias, o que me levou a Escola Normal, que coordenava o Supletivo e onde dona Ione era diretora. Ao chegar à secretaria da escola para receber o meu certificado de conclusão do 1º grau, a funcionária Luzia me recebeu, e, ao identificar meu nome, disse: “a Dona Ione quer te conhecer”. E me levou até ela. Dona Ione, uma senhora muito elegante, com o perfil de uma diretora muito responsável, me cumprimentou pelo resultado do supletivo e me convidou para estudar naquela escola. Eu disse que queria estudar, mas que precisava trabalhar para sustentar meus estudos e que morava na roça e meus pais não tinham condições de bancar as despesas. Então, tivemos um diálogo mais ou menos assim. Ela disse: ‘Venha estudar aqui na nossa escola. Nós vamos lhe ajudar a encontrar um trabalho. Quanto você quer ganhar?’ Surpreso, eu disse, que pra me sustentar, precisaria de pelo menos um salário mínimo. Ela perguntou: ‘O que você sabe fazer?’ Capinar é o que eu faço lá na roça, respondi. Ela respondeu: ‘Pois é, mas com essa profissão o mercado não te paga um salário, talvez meio’. Ponderei e falei para ela que ‘o que a senhora conseguir para mim, eu aceito’. Fui embora e comecei a procurar alternativas.

Para quem é da nossa idade, recorda que, aquele era um ano de muita dificuldade de emprego, com uma recessão brava e para quem morava na roça, as oportunidades eram ainda muito mais reduzidas. Porém, na semana seguinte, para garantir vaga na escola, fiz minha matrícula na Escola Normal.

No dia 26 de janeiro de 81, me preparava para ir embora para Brasília (DF), onde meu tio Gersi, mestre de obras, iria me arranjar serviço de servente. Lá iria estudar e trabalhar.

De repente, recebi um recado que foi levado à casa dos meus pais que, confesso não sei quem levou, dizendo que a professora Zuleika (então vice-diretora da Escola Normal) queria falar comigo urgente.

No dia seguinte, fui cedo para a cidade de Manhuaçu, distante 40 km da casa dos meus pais, e que ainda nos abrigou. Na cidade de Manhuaçu Dona Zuleika me disse: “Dona Ione não poderá recebê-lo, mas ela indicou dois alunos para fazer estágio na Caixa Econômica Federal e um deles é você” (o outro foi o Ari, que também é veterano da Polícia Militar), e me explicou que se tratava de um convênio com o banco, em que a escola indicaria bons alunos. Adorei. Veja só, isso aconteceu na escola, onde eu apenas havia feito a inscrição e matrícula. No dia 2 de fevereiro de 81, eu iniciei o estágio.

Esse gesto mudou minha vida. Desisti de ir para Brasília. Tornei-me estagiário da Caixa Econômica Federal, trabalho que durou pouco, apenas quatro meses, pois a Caixa encerrou o convênio. Então fui trabalhar no Hospital Cesar Leite e de lá, entrei na Polícia Militar.

Dona Ione mudou o rumo da minha vida. Eu poderia estar melhor ou poderia estar pior, mas o gesto dela de me acolher na escola, jamais esqueci. O gesto dela de me indicar para o estágio, de acreditar em mim sem nunca ter sido aluno do colégio, um gesto de gratuidade, sem pedir nem exigir nada em troca, jamais esqueci.

No entanto, nunca mais tinha visto a Dona Ione. Já havia procurado, mas não havia encontrado. Hoje fui a casa dela, com o distanciamento necessário por causa da prevenção ao Covid-19.

Ela, com 95 anos, lúcida. Tive a oportunidade lhe dizer: “Muito obrigado! A senhora me acolheu sem nunca ter me visto. A senhora mudou o rumo da minha vida e estou aqui para agradecer. Meu muito obrigado!”.

Deputado Federal Subtenente Gonzaga.

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