Pelo oitavo ano consecutivo, o consumo de café solúvel cresceu no Brasil e atingiu em 2023 um volume recorde de 1,05 milhão de sacas de 60 kg, o equivalente a 24,25 mil toneladas. Em relação a 2022, os números representam alta de 5,2% do consumo, segundo o relatório anual divulgado nesta quinta-feira (25/01) pela Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).
De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima, o crescimento reflete investimentos da indústria, que ampliaram o portfólio de produtos no último ano, se juntaram com entidades, como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), para promover esse tipo de café no mercado doméstico e internacional, e criaram capacitações específicas mirando aspectos sensoriais, como acontece com o arábica e o robusta.
“O café solúvel se torna mais conhecido pela população do Brasil e, ao cair no gosto popular, seja em forma de bebida ou no preparo de diversos pratos da gastronomia, vem registrando altas consecutivas no consumo”, explica.
Leve alta foi registrada nas exportações do solúvel brasileiro ao longo de janeiro a dezembro de 2023, com 0,4% a mais do que o volume embarcado em 2022. Por outro lado, o aumento não significou maior receita cambial, que atingiu US$ 701,3 milhões, recuando 1,1% no mesmo intervalo comparativo.
O principal destino do café solúvel brasileiro no ano passado continuou sendo os Estados Unidos, embora, dessa vez, o país tenha adquirido 9,2% a menos do que um ano antes, totalizando 16,20 mil toneladas.
Alguns países se destacaram pelo aumento da compra do solúvel brasileiro, como foi o caso da Argentina, em segundo lugar entre os que mais compraram, com alta de 18,6% ou 8,27 mil toneladas. Destaque para o terceiro maior comprador desse tipo de café brasileiro em 2023, o Japão, que adquiriu 23,4% a mais do que em 2022, com 5,35 mil toneladas.
A Finlândia aparece como um potencial parceiro comercial, crescendo 38,8% na compra do produto brasileiro em 2023, com 5,034 mil toneladas.
“A Rússia, grande cliente do Brasil há décadas, sempre ocupando as primeiras posições no ranking dos principais destinos, caiu para o 19º lugar em 2023, com o desempenho sendo impactado pela continuidade da guerra contra a Ucrânia. No ano passado, os russos importaram 1,310 mil toneladas, aferindo queda de 58% em relação às 3,117 mil toneladas registradas em 2022”, afirmou a Abics.
Para o diretor da entidade, a despeito das restrições internacionais ao país de Putin, é possível que o abastecimento com café solúvel do Brasil tenha sido complementado por nações vizinhas, como a Finlândia, que, “de comprador residual do produto brasileiro, passou a figurar na sexta posição, em 2022, e na quinta posição em 2023”.
Na contramão, as importações de café solúvel recuaram ano passado para 18.345 sacas, queda expressiva de 32,7% em comparação a 2022. A entrada desses cafés no Brasil, em geral, é feita por empresas filiadas à entidade.
Fonte: Globo Rural