A broca-do-cafeeiro é uma praga de origem africana que chegou ao Brasil em 1913 através de sementes importadas. A fêmea adulta desta praga perfura os grãos até a região da coroa dos frutos, onde deposita seus ovos, em seguida as larvas se alimentam dos grãos de café, produzindo uma nova geração entre 21 a 63 dias e que permite ocorrer até sete gerações por ano.
Seu ataque aos frutos a campo se inicia entre novembro e dezembro e vai até a colheita – afetando grãos em qualquer estágio de desenvolvimento. Os frutos remanescentes, abandonados na colheita incompleta dos pés de café e os frutos ao chão dentro da lavoura, são a principal fonte para sua alimentação e fonte de passagem dos insetos-praga para a safra seguinte.
Os prejuízos acontecem com a perda de peso do café beneficiado, podendo variar entre 20 até 50%. Esta praga causa o apodrecimento das sementes e a quebra dos grãos durante o beneficiamento, provocando a queda de grãos quando são perfurados. Além disso, leva os produtores a adiantar o ponto ideal de colheita, induzindo à perda de viabilidade das sementes para o plantio. Indiretamente, também afetam a qualidade, interferindo no tipo de classificação comercial do lote à medida que aumenta a proporção dos grãos brocados. Não bastasse tudo isso, ainda afeta a qualidade sensorial da bebida ao facilitar o desenvolvimento de microrganismos e o risco de aparecimento das micotoxinas – nos sujeitando às barreiras sanitárias no mercado externo.
A temperatura também pode contribuir com o aumento da infestação da praga. Em períodos de chuva, entre setembro a dezembro, e de seca, entre janeiro a março, há possibilidade de multiplicação da praga na lavoura.
Para se evitar danos, o cafeicultor deve fazer a colheita seletiva e bem feita. O ideal é colher até mesmo os talhões pouco produtivos; eliminar cafezais abandonados; realizar um rigoroso repasse entre 7 a 15 dias após a colheita; monitorar a população da praga na lavoura na época de trânsito e durante a safra, adotando medidas de controle que passam pelo controle químico na fase de chumbinho; e, inclusive, o controle físico com a desintegração dos restos de frutos e folhas logo após a colheita, podendo se adotar o controle biológico com a espécie de fungo chamada Beauveria bassiana.
“O monitoramento, procedimento considerado a chave para um bom controle, se inicia na época de trânsito da praga na lavoura, quando os frutos entram na fase denominada “chumbinho” – com a formação da massa dos grãos, entre o 3º e o 5º mês após a florada”, orienta o técnico agrícola Marco Antônio Casini Sanchez, especialista em Café, extensionista do IDR-Paraná, em Apucarana.
O desenvolvimento de novas tecnologias de monitoramento, como é o caso do uso de iscas, se demonstra muito mais eficiente como ferramenta de manejo, permitindo associar as práticas de controle mecânico e biológico e permitindo reduzir, e até evitar, o uso de produtos químicos.
“Com o uso do conhecimento e a adoção de medidas simples como as que debateremos na Live sobre o Manejo da Broca-do-Cafeeiro, nessa quinta-feira, dia 29 de outubro de 2020, às 09:00h, através do Canal da Expotécnica.com no YouTube, os cafeicultores podem garantir que todo aquele esforço para a obtenção dos cafés de melhor qualidade tenham o sucesso e alcancem com isso os mercados que o remuneram melhor”, afirma o técnico em agropecuária, especialista em café, Sérgio Luiz Zafalon, do IDR-Paraná em Mandaguari.
(Notícias Agrícolas / IDR Paraná)