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Café desafia coronavírus com maior rali em três anos

O excesso de chuvas no Brasil impulsiona o maior rali do café dos últimos anos, justo quando outros mercados despencam diante do impacto econômico do coronavírus.

Os futuros do grão arábica, a variedade preferida pela Starbucks, acumulam ganho de 13% desde que as bolsas dos Estados Unidos começaram a registrar perdas em meados de fevereiro. Esse é o melhor desempenho entre todas as principais commodities rastreadas pela Bloomberg. A maior parte desse avanço ocorreu desde sexta-feira, e o café deu o maior salto de três dias desde meados de 2016.

Enquanto a propagação do coronavírus afeta as perspectivas de crescimento global que determina os preços do petróleo e do cobre, os fundamentos do café mostram melhora.

Muito disso tem a ver com o clima no Brasil. O maior produtor global de café enfrenta o primeiro trimestre mais chuvoso em um século em alguns estados. Embora a chuva seja geralmente bem-vinda nesta época do ano, quando os cafezais estão em desenvolvimento, condições mais úmidas do que o normal afetam as raízes, o que causa a queda de folhas e frutos e a proliferação de doenças fúngicas.

A redução dos estoques globais também alimenta o otimismo. Os estoques de arábica em armazéns portuários monitorados pela ICE Futures dos EUA caíram em 2,2 mil sacas em 2 de março. Os estoques no Brasil também estão baixos, enquanto cafeicultores da Colômbia e Honduras praticamente esgotaram as reservas após fixar os preços durante o rali no fim de 2019.

“O café arábica em Nova York conseguiu se isolar da liquidação de ativos de risco”, disse Rodrigo Costa, diretor da Comexim nos EUA. “A força do mercado também pode ser justificada pela firmeza diferencial em todos países produtores.”

Ainda assim, não é uma via de mão única em termos de fundamentos, e as oscilações de preços aumentaram. A leitura de volatilidade de 60 dias é a mais alta desde abril de 2015.

O cenário pessimista parecia óbvio quando os preços acumulavam queda de 21% em janeiro. A produção brasileira estava próxima do recorde do ciclo bianual de alta produtividade da cultura, e a valorização do dólar frente ao real deixou as exportações mais competitivas. Mesmo com a perspectiva de impacto das chuvas, o Brasil ainda deve registrar outra grande safra.

Do lado da demanda, a propagação do coronavírus em vários países ameaça os níveis de consumo em restaurantes e cafés, embora a Starbucks tenha reaberto lojas na China após ter fechado unidades em todo o país. Por outro lado, consumidores podem aumentar as compras para tomar café em casa, o que geralmente aumenta o desperdício.

Em termos de padrões gráficos, os futuros superaram as principais médias móveis e flertam com níveis de sobrecompra. O ganho “continuará limitado na melhor das hipóteses”, pois as supersafras do Brasil “continuam a obscurecer o mercado”, disse a Hightower Report antes dos ganhos de terça-feira.

(Fabiana Batista e Patrick McKiernan/Bloomberg)

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