De sabor e aroma marcantes, o café conilon produzido no Espírito Santo recebeu o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A certificação é concedida quando um país, cidade, região ou localidade se tornam conhecidos pela produção, extração ou fabricação do produto.
Pela primeira vez, é concedida IG para o café conilon (espécie Coffea canephora) na modalidade procedência.
A concessão foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2627. De acordo com a publicação, o café conilon é o principal produto agrícola e um dos maiores responsáveis pela geração de emprego e renda no meio rural do estado, que, atualmente, tem uma área de, aproximadamente, 300 mil hectares ocupada com a produção do café e produz 10 milhões sacas por ano.
O pedido de reconhecimento foi protocolado, em dezembro de 2020, pela Federação dos Cafés do Estado do Espírito Santo (Fecafés). “A nossa expectativa é alcançarmos voos mais altos, inclusive no mercado internacional. Para nós, a Indicação Geográfica vem agregar tanto em termos de reconhecimento da qualidade como com relação ao preço. Agora, vamos trabalhar forte para que o nosso café conilon tenha reconhecimento mundial pela sua qualidade”, ressalta o presidente da federação, Luiz Bastianello.
Com a IG do café conilon, já chegam a três IGs para cafés de regiões produtoras do Espírito Santo este ano. Os dois primeiros foram Caparaó e Montanhas do Espírito Santo, na modalidade Denominação de Origem – DO e para o café da espécie Coffea arabica.
A Coordenação de Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários do Mapa atua, em conjunto com as Divisões de Desenvolvimento Rural (DDR) das Superintendências Federais de Agricultura nos estados (SFAs) no fomento ao uso de IG e marca coletiva como ferramentas de desenvolvimento rural do país.
História e características
O Espírito Santo é referência nacional e mundial no desenvolvimento da cultura do café conilon, iniciada no estado em 1912, com a introdução das primeiras mudas e sementes. Porém, seu cultivo se expandiu somente a partir da década de 60, após a crise cafeeira que resultou na erradicação de grande parte da lavoura estadual, até então constituída predominantemente por café arábica.
Na última década, trabalhos de conscientização sobre as Boas Práticas Agrícolas nos cafezais, promovidos por instituições públicas e privadas ligadas ao setor rural do estado, resultaram na evolução dos padrões de qualidade do café conilon.
Pertencente à espécie Coffea Canephora, o café conilon apresenta 2,2% de cafeína, quase o dobro do café arábica. Com 3% a 7% de açúcares, possui sabor e aroma mais amargos e marcantes. É cultivado, principalmente, em regiões de temperaturas mais elevadas, com variação média entre 22°C e 26°C, e em altitudes menores, chegando até 600 metros, o que o deixa mais encorpado, apresentando sabor achocolatado e amendoado. Já as altitudes mais elevadas garantem características florais e frutadas, que conferem ao produto perfis sensoriais mais complexos.
(Fonte: MAPA)