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Busto dos Pioneiros, o ‘Bandeirante’ de Manhuaçu faz 62 anos

Nesta data em que se celebra o Padroeiro São Lourenço, registra-se também os 62 anos de inauguração do busto em homenagem aos pioneiros de Manhuaçu, conhecido ‘Bandeirante’, instalado na Praça 05 de Novembro, no centro da cidade.

A obra foi inaugurada em 10 de agosto de 1960, na gestão do então Prefeito Antônio Xavier (in memoriam). Ele fica sobre uma base piramidal de 2,45 metros de altura.

O busto homenageia o Bandeirante Domingos Fernandes Lana e a todos os desbravadores e líderes que tiveram participação na formação do município e aos grandes administradores de Manhuaçu. O monumento original trazia referência aos índios, os primeiros habitantes desta terra, em uma base paralela à do bandeirante. No entanto, no decorrer das reformas do monumento, esta outra estrutura foi suprimida, ficando a referência visual dedicada somente ao desbravador que porta a bandeira.

Há relatos de que o busto tenha vindo da cidade do Rio de Janeiro. Entre 1997 e 1998, o busto foi removido da praça e levado para o depósito da Prefeitura, com danos no nariz e no braço.

Em 1999, a Prefeita em exercício Cici Magalhães, com o apoio do saudoso Vereador Cláudio Lísias de Oliveira (Xerife), atendeu reivindicações da população e providenciou seu retorno à praça, com a contratação de serviço de restauração da escultura, executado pelo artista plástico João Rosendo. A reinauguração foi realizada em 20 de julho daquele ano.

O busto foi tombado como Patrimônio Histórico do Município com o Decreto nº 1.128, de 30 de novembro de 2016.

Monumento Pioneiros Bandeirante Manhuaçu

Em 2021, o Busto passou por nova revitalização, executada pela Administração atual, da Prefeita Maria Imaculada.

Na placa do busto, os dizeres: ‘Praça 5 de Novembro, Município de Manhuaçu. Criado em 5 de novembro de 1887 Lei Provincial no: 2.407. Homenagem de Gratidão do Povo do Município de Manhuaçu ao Espírito Pioneiro dos seus desbravadores e aos líderes de uma emancipação. Construída na administração do Prefeito Antônio Xavier, Manhuaçu 10 de agosto de 1960. Monumento Histórico restaurado na administração 1999-2000. Cada um faz, todos ganham’.

 

O bandeirante

 

Natural de Arapongas (na época, pertencente à Viçosa-MG), o bandeirante Domingos Fernandes de Lana teria vindo de Raul Soares, em 1841, e, aqui se estabelecido até 1847, motivado pela valorização financeira da planta conhecida como poaia (Cephaelis ipecacuanha).

‘O poaieiro, como era chamado Domingos Fernandes de Lana, fazia-se acompanhar de amigos, escravos, bem como de índios catequizados, e tinha como único objetivo em sua passagem por estas bandas a exploração de poaia, produto abundante na região e que, pela sua grande procura no mercado medicinal, constituía apreciável fonte de renda’.

Portador de defeito físico, Domingos Fernandes de Lana, era casado com Dona Marianna Carlotina da Rocha, e, em determinado momento, teria sido acusado por maus tratos aos índios.

‘Pode ser que Domingos Fernandes de Lana tenha deixado a região em razão da prisão que sofrera por ordem de Guido Tomaz Marliere, encarregado da inspetoria das Regiões Militares do Rio Doce, sendo Domingos Fernandes recrutado para prestar o serviço militar e acusado de maltratar os índios da região. Entretanto, ele fora solto por ser portador de defeito físico, incompatível com o serviço militar e pelo seu prestígio, por ser filho do Capitão do Distrito de Descoberto, Casimiro de Lana, e sobrinho do Comandante da 3ª Divisão e de outros dois comandantes da mesma região’.

Em outro relato, Domingos Fernandes Lana teria tido conduta melhor com os índios. ‘Domingos Fernandes Lana manteve relação amistosa com os índios puris (botocudos) que habitavam a região e passou a explorar a floresta através do comércio de especiarias como a ipecacuanha e madeiras de lei. Com a descoberta de ouro no leito do rio Manhuaçu, na região atual de Santana, Fernandes Lana abandonou a atividade extrativista e iniciou marcha descendo o rio, em busca do rico cascalho, chegando até Aimorés, onde faleceu. Os índios puris que habitavam Manhuaçu, ao lado da caça e da pesca, praticavam o cultivo rudimentar o solo, pois há muito tempo haviam abandonado a vida nômade. A cultura básica era a mandioca. Também se plantava milho sob o sistema de coivara, isto é, queima do mato para abrir clareiras e o preparo do terreno para a semeadura. Foi a expedição do bandeirante Fernandes Lana que trouxe pra a região a cultura da batata- doce, que permitia ser comida como raiz cozida na brasa, dando menos trabalho no preparo da alimentação dos silvícolas’.

(Thomaz Júnior/ Sebastião Fernandes, Membro da Academia Manhuaçuense de Letras)

Fontes bibliográficas:

(SAYGLI, Monir Ali. História de Caratinga. Caratinga: Ana Montes, 1997, p. 17-18 apud SANTOS, Flávio Mateus dos. A República do Silêncio, 2009, p. 116);

(RODRIGUES, José Fernandes. Manhuaçu: fatos e notas de seus primórdios);

(CORSETTE, Adeuslyra. Nossa Terra, Nossa Gente. 1998. 1ª ed., p.11);

(SANTOS, Flávio Mateus dos. A República do Silêncio, 2009, 1ª ed.);

(BATISTA, Núbio Argentino. Coisas do Rio Grande. 2012);

Dossiê de Tombamento do Busto do Bandeirante (www.manhuacu.mg.gov.br);

Blog Região de Manhuaçu;

https://pt.slideshare.net/ecsette/histria-de-manhuau;

http://euamoipatinga.com.br

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