As vendas de café do Brasil da safra que será colhida nos próximos meses estão mais tímidas agora diante das preocupações com a quebra de produção esperada para este ano, mas ainda assim encontram-se em patamar historicamente avançado para a época, apontou a consultoria Safras & Mercado em nota nesta quarta-feira.
Segundo a consultoria, as boas condições de mercado para os produtores e a expectativa de uma forte recuperação da produção brasileira em 2022 (ano de alta do ciclo bianual do arábica) têm incentivado negócios para a safra do ano que vem, período para qual produtores já teriam vendido 20% de uma colheita de café arábica que tem potencial de ser recorde.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, “a quebra de safra brasileira 2021 associada ao elevado percentual já vendido pelo produtor justifica essa postura mais curta”.
“Destaque às posições com arábica, que alcançam 35% da safra 2021”, comentou.
Regiões como o Cerrado de Minas se aproximam de 60% da safra de 2021 vendida. No Sul de Minas e São Paulo, as vendas estão em 42% e 50%, respectivamente, segundo a consultoria.
Com isso, o percentual para vendas do Brasil, de 28%, está dez pontos acima do visto para as negociações antecipadas nesta mesma época do ano passado.
A consultoria estima uma queda de 17,8% na produção deste ano, para 57,1 milhões de sacas de 60 kg, com a severa seca do ano passado aprofundando perdas que naturalmente ocorreriam em 2021, período de baixa do ciclo bianual do arábica.
A volatilidade na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e a firmeza do dólar garantem preços elevados para as posições com safras futuras, destacou Barabach.
As bebidas melhores avançam acima de 750 reais a saca para entrega em setembro/2021, enquanto as bebidas mais finas se aproximam de 800 reais a saca para entrega em setembro/2022.
“Um patamar de preço bem acima da média histórica deflacionada (trazida a valores atuais). E o produtor vem sabendo aproveitar o bom momento, escalonando vendas”, ressaltou o consultor.
FUTURAS
A Safras notou que o preço alto e o cenário de maior folga na oferta elevam o interesse para negociações com a safra brasileira 2022/23, que será colhida no ano que vem.
“É que depois da quebra deste ano a expectativa é de retomada produtiva em 2022”, observou, ressaltando que o parâmetro inicial é a safra recorde de 2020, estimada pela Safras em 69,5 milhões de sacas.
A consultoria destacou operações de “barter” (troca) e também fixações diretas junto às tradings para a produção futura.
Se as vendas de arábica já atingiram cerca de 20% da safra do ano que vem, ainda não há registro de venda antecipada para 2022 de conilon.
“Já se percebe também uma maior movimentação de venda para safra 2023, especialmente nas operações de barter. É o produtor alongando o bom momento para suas receitas futuras.”
(Reuters/ Por Roberto Samora)