Uma pesquisa realizada em Minas Gerais avalia o cultivo consorciado de ingá com o cafezal para fazer o controle biológico de pragas. O experimento teve bons resultados contra broca-do-café e o bicho-mineiro.
Os trabalhos são conduzidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e tiveram início em sistemas agroflorestais no munícipio de Araponga, na Zona da Mata Mineira, e foram expandidos para o munícipio de Paula Cândido, na mesma região. Também foram feitos experimentos em laboratório e casas de vegetação.
O controle foi possível graças aos nectários extraflorais (estruturas secretoras de néctar encontradas fora das flores) que estão presentes no ingá e que atraem inimigos naturais dessas pragas. O néctar extrafloral é uma importante fonte de carboidratos para os inimigos naturais. Por meio dessa alimentação, os predadores e parasitoides tem sua sobrevivência, fecundidade e longevidade aumentadas e, em troca, controlam os herbívoros presentes. Quando associamos uma planta com nectários extraflorais ao café pegamos emprestada essa defesa para o café”, afirma a coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Agroecologia da Epamig, Madelaine Venzon.
Diversas espécies de inimigos naturais de pragas do cafeeiro foram encontradas nos nectários extraflorais, como as vespas e formigas predadoras, parasitoides, crisopídeos, tripes predadores, entre outras. Também foi registrada a diminuição das populações das duas principais pragas do cafeeiro, o bicho-mineiro e a broca do café.
Atualmente, também são desenvolvidos projetos no Campo Experimental da Epamig em Patrocínio, no Cerrado Mineiro. “Estamos desenvolvendo, ainda para a região do Cerrado, projeto em atendimento a demanda de produtores e de associações. Na Zona da Mata, continuamos com experimentos nos sistemas agroflorestais”, completa a pesquisadora.
O ingá é uma planta de crescimento rápido e que desenvolve os nectários extraflorais já no início do ciclo evolutivo. “Verificamos atração de inimigos naturais em mudas recém-transplantadas. No entanto, em plantas maiores haverá mais nectários e maior disponibilidade de néctar”, informa Madelaine, que acrescenta sobre a possibilidade de introdução dessas espécies em lavouras já implantadas. “O ideal seria que fossem incluídas no planejamento da lavoura. No entanto, essas plantas podem ser introduzidas em cercas-vivas, corredores ou ilhas”.
(AGROLINK)