A região produtora de café Matas de Minas recebeu a chancela de Indicação de Procedência (IP) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O título foi concedido nessa terça-feira (15/12) e é fruto do trabalho desenvolvido pelo Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas e do Sebrae Minas na região.
O território é o quarto no estado a receber o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG), tendo o café como produto. O pedido da indicação, na modalidade de procedência (IP), foi feito em 2018. A Indicação de Procedência se refere ao nome de um país, cidade ou região conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
Com ela, os cafés da região vão poder ser comercializados com a garantia de origem, certificando que o produto tem características únicas e não podem ser encontradas em nenhum outro lugar, em razão de sua origem geográfica específica.
“Este resultado é uma conquista para os 64 municípios integrantes das Matas de Minas. A IP tem um significado imensurável e com certeza colocará nossa região em destaque mundial. Foi um trabalho árduo, feito coletivamente com o Sebrae, produtores e entidades que integram o Conselho. Um reconhecimento da nossa luta diária para melhorar a qualidade do nosso café, sempre com foco na sustentabilidade”, justifica o diretor-presidente do Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas, Sebastião de Lourdes Lopes.
Para a analista do Sebrae Minas Reginamaria Loures, a Indicação de Procedência vem para confirmar a efetividades das ações realizadas há anos pelo Sebrae Minas na região. “Somamos forças em prol do desenvolvimento territorial, trabalhando como articuladores do setor cafeeiro, por meio do apoio à governança local, estímulo à abertura de mercado e fortalecimento da identidade regional. Iniciativas que têm mudado a imagem da região e incentivado o associativismo”, explica Loures.
Desde 2011, o Sebrae Minas realiza o projeto Café das Matas de Minas, com o objetivo de desenvolver a cafeicultura na região. O projeto é baseado em quatro pilares: qualidade, identidade, governança e mercado. Busca valorizar o café dessas localidades, organizar as ações dos produtores e estimular o acesso a mercados. A iniciativa inclui ainda ações de capacitação e orientação ao produtor sobre o processo de melhoria da qualidade, governança e identidade.
Tradição cafeeira
A região das Matas de Minas está situada em uma área de Mata Atlântica, no leste de Minas Gerais, e compreende cerca de 36 mil produtores de café, responsáveis pela produção de 5 milhões de sacas anuais, 24% do total no estado. Em 64 municípios, com 275 mil hectares plantados na área demarcada, os produtores geram cerca de 75 mil empregos diretos e 156 mil empregos indiretos na colheita do café.
A produção é naturalmente sustentável, marcada pela predominância da agricultura familiar, gerando impacto econômico e social direto e indireto, além de estimular fatores culturais presentes na cafeicultura da região.
Em 2017, foi criado o Selo de Origem Região das Matas de Minas, iniciativa que garante a origem do produto, permitindo a rastreabilidade, definindo o processo de produção e contribuindo para a qualidade do café.
Ao longo dos anos, o café Matas de Minas recebeu diversas premiações nacionais e internacionais, entre elas: prêmios Ernesto Illy de Qualidade do Café, Concurso Estadual de Qualidade do Café da Emater, Coffee of The Year, Concurso de Qualidade ABIC e Cup of Excellence.
Indicações Geográficas no Brasil
Atualmente, o Brasil tem 74 Indicações Geográficas registradas. A maioria delas é de pequenos negócios no segmento do agronegócio, muito diferentes entre si e localizadas principalmente no Sul e Sudeste (63%). No caso do café, agora são oito indicações reconhecidas, sendo duas por denominações de origem (Região do Cerrado Mineiro e Mantiqueira de Minas) e outras seis por indicações de procedência (Região do Cerrado Mineiro, Alto Mogiana, Norte Pioneiro do Paraná, Oeste da Bahia, Região de Pinhal, Campo das Vertentes e Matas de Minas).