A propriedade familiar do cafeicultor Joselino Menegueti, em Brejetuba (ES), conquistou um excelente desempenho com o crescimento de 250% na produção de café, a partir da adoção de diversas práticas sustentáveis e tecnológicas. A trajetória de sucesso iniciou em 2008, quando o agricultor buscou o auxílio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) no Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do município. O principal objetivo era alcançar uma melhor produtividade e renda, uma vez que o insucesso estava levando o produtor à desistência da cafeicultura para a plantação de eucalipto.
A produtividade da lavoura do Sítio Alto Rancho Dantas era de dez sacas de café por hectare, um resultado economicamente insatisfatório. Os técnicos do ELDR de Brejetuba realizaram diversas análises na propriedade para verificação das condições de clima, solo e localização. Foi constatado que a lavoura da propriedade era formada por cultivares de baixo potencial produtivo, plantada em espaçamentos abertos, com nutrição inadequada e ataque do fungo Phoma.
“Diante da situação foi verificado que a propriedade, localizada a 1.100 metros de altitude, possuía um grande potencial para produção de cafés especiais e sustentáveis, que tem maior valor agregado no mercado. Havia a necessidade apenas de combinar inovações e tecnologias apropriadas à realidade do agricultor. Dessa forma, foi construído com a família um planejamento para transformar a propriedade em produtora de cafés especiais com apelo ambiental e social”, relatou o técnico do Incaper, Marx Martinuzzo.
A propriedade da família Menegueti, composta pela esposa Ivanildes Moreira Menegueti e pelo filho Leidiomar Moreira Menegueti, foi inserida no programa café sustentável da Prefeitura de Brejetuba, passando a receber assistência técnica sistemática. Os técnicos do Incaper realizaram trabalhos como visitas técnicas com foco em tecnologias para produção sustentável do café e recomendações de calagem e adubação, de acordo com a análise de solo. O início do processo de renovação da lavoura foi realizado com dois mil mudas de café arábica da cultivar catucai 785-15, que apresenta excelente vigor, é tolerante à ferrugem e nematoide e tem grande potencial para a produção de cafés especiais.
Para um melhor desempenho da lavoura, foi implantada a técnica de quebra-vento com banana prata e palmito pupunha, com o objetivo de reduzir os problemas com a Mancha de Phoma e, ao mesmo tempo, gerar uma segunda fonte de renda para a propriedade, que passou a seguir o currículo de sustentabilidade estabelecido pelo Incaper. O currículo abrange o processo de recuperação de nascente; gestão de resíduos sólidos e líquidos; uso seguro de agrotóxicos; manejo integrado de pragas e doenças; manejo do mato; conservação do solo; arborização do cafeeiro; rastreabilidade e preservação das reservas legais.
“Os cafés especiais foram um divisor de águas que proporcionaram condições de manter a propriedade e o trabalho de cafeicultura para a próxima geração. Muito além do retorno financeiro, tivemos o retorno em autoestima, conhecimento, satisfação e o prazer em produzir café”, disse o cafeicultor Leidiomar Menegueti.
Crescimento de produção e exportação do café
Atualmente, a propriedade apresenta uma produção média anual de 100 sacas, o que corresponde a uma produtividade de 25 sacas, por hectare, e um crescimento de 250% em relação ao início do projeto. Com relação à produção de cafés especiais, a propriedade saiu da pontuação de zero para 85 pontos no café, que é vendido com preços entre R$ 800 a 3 mil, por saca. O café especial é ainda comercializado diretamente para cafeterias do Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão. Além da venda direta, a propriedade possui uma marca própria, chamada Café Joselino. Outra conquista atual é a finalização da construção de uma cafeteria para atendimento aos turistas no local.
A brilhante experiência foi exibida como destaque na edição virtual do HorizontES em Extensão deste ano. O exemplo de superação na produção de café foi eleito pelo Centro Regional de Desenvolvimento Rural (CRDR) Sudoeste Serrano do Incaper.
“É uma trajetória de superação em função do uso de tecnologia, utilização de inovação, de trabalho e de acreditar que é possível mudar uma realidade com os cafés especiais, por meio da produção sustentável. É um processo que serve de referência para a agricultura familiar de todo o Estado. Nós, do Incaper, temos a satisfação de poder ter contribuído com a trajetória dessa família e por fazer parte dessa história tão bonita”, destacou Fabiano Tristão, extensionista do ELDR de Brejetuba.
(Assessoria de Comunicação do Incaper)