Como era o agro no começo do século XX? Nos últimos 47 anos, a agropecuária cresceu em média 3,22% ao ano. Entre os censos de 2006 e 2017, a taxa de crescimento aproximou-se de 4,3%, superando Estados Unidos (1,9%), China (3,3%), Chile (3,1%) e Argentina (2,7%). Já de 1995 a 2017, o Valor Bruto da Produção dobrou, sendo que a tecnologia foi responsável por mais de 60% desse crescimento.
Os dados constam no livro “Uma Jornada Pelos Contrastes do Brasil: Cem anos do Censo Agropecuário”. A obra foi lançada nesta terça-feira (1º) e mostra uma evolução do agro e o retrato atual ao longo do anos do Censo Agropecuário, realizado no país desde 1920.
Em 1920, contabilizaram-se 648 mil estabelecimentos. De outro, em 2017, havia em torno de 5 milhões de estabelecimentos produtivos. Nesse período, a área de produção subiu de 175 milhões para cerca de 351 milhões de hectares. A população ocupada mais do que dobrou, chegando a 15 milhões de pessoas empregadas no campo.
O destaque fica por conta dos últimos 22 anos quando a tecnologia transformou a agropecuária brasileira e alavancou o Brasil, de importador de alimentos, a um dos principais players no cenário agrícola mundial. O período analisado é de 1995 a 2017.
Em 1995-1996, a tecnologia respondia por 50,6% do total da produção do agro, ao lado de 31,3% do uso da mão-de-obra e 18,1%, da terra. Em 2006, esse percentual passou para 56,8% e, em 2017, saltou para 60,6%.
A mudança na frota de tratores é outro indicador da modernização do setor. A oferta de máquinas agrícolas cresceu no país junto com o avanço da soja e do milho a partir da década de 1960, com o surgimento de variedades dos grãos mais adaptadas ao clima e condições do país. A mecanização, mensurada em tratores por hectare, cresceu significativamente entre 1970 e 2017, de 4,88 tratores por mil hectares, na primeira data, para 17,08 tratores por mil hectares, no segundo período.
A produção brasileira também avançou em sustentabilidade como o surgimento do Sistema Plantio Direto (SPD) no país. Entre os censos agropecuários de 2006 e 2017, a área total com plantio direto passou de 17,9 milhões para 33,1 milhões de hectares (crescimento de 84,9%).
O livro tem a participação de 64 pesquisadores de diversas instituições. A publicação foi organizada pelos pesquisadores José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho (diretor de Programa do Mapa) e José Garcia Gasques (coordenador-geral de Políticas e Informações do Mapa), que dividiram as análises em cinco temas: produção e renda, produtividade e inovação, agricultura familiar, políticas públicas e sustentabilidade produtiva. A obra pode ser acessada aqui.
(IPEA / Agrolink)