O Cecafé, como legítimo representante do setor exportador do café brasileiro, realiza diversas ações sustentáveis, com racionalidade e junto ao cafeicultor e demais seguimentos, que visa ao interesse nacional.
Em sua missão de promoção da imagem e da comunicação voltadas à sustentabilidade do café brasileiro, o setor tem o compromisso de divulgar todas as ações desenvolvidas, comunicando as boas iniciativas da agricultura brasileira, como também as melhores práticas de sustentabilidade nos processos produtivos e interações entre agricultura e meio ambiente.
Na sociedade atual, os debates såobre as questões ambientais e a relação entre o meio ambiente e agricultura se tornam mais relevantes e alicerçados na ciência.
Dentro desse contexto vale a pena destacar a importância dos serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos. Dentre eles, o benefício executado pelos polinizadores é um serviço extremamente valioso para o ecossistema permitindo o transporte de pólen e consiste na transferência do pólen da parte masculina da flor para a parte feminina, conforme mencionado anteriormente em outro artigo do Cecafé.
Ela pode ser realizada por diversos agentes polinizadores, entre eles: aves, abelhas, borbo¬letas, vespas, e outros seres vivos que visitam flores como fonte de alimento ou que as acessam pela proximidade com o habitat natural.
A polinização traz inúmeros benefícios, através do seu papel na produção de alimentos e da agricultura, como também desenvolvimento científico, cultura e recreação, e na conservação da diversidade biológica.
É considerada essencial para a reprodução sexuada das plantas e, na sua ausência, a manutenção da variabilidade genética entre os vegetais não ocorre. Frequentemente, a produção agrícola é diminuída ou os frutos são deformados (resultado da polinização insuficiente).
Em se tratando de sistemas naturais, a polinização insuficiente pode ter consequências bastante severas como a extinção de um organismo herbáceo, ou a fraca regeneração da flora, entre inúmeros outros.
Aproximadamente 90% das espécies de flores em todo o mundo es¬tão dependentes da polinização biótica para reprodução e manutenção da variabilidade genética.
Diversos cultivos agrícolas podem ser citados como dependentes da polinização biótica, como o café, a canola, a soja, o morangueiro, o tomateiro, entre outros.
A polinização não é obrigatória, porém na presença de polinizadores se observa-se aumento da produtividade e da qualidade das culturas agrícolas. Segundo as pesquisas aplicadas à interação dos polinizadores e a agricultura, os frutos polinizados têm mais sementes, maior homogeneidade de frutos, formato mais uniforme, maior valor nutritivo e vida de prateleira mais longa.
O café brasileiro é reconhecidamente sustentável, no âmbito dos pilares social, econômica e ambiental. Somado a isso, a cultura demonstra ser possível conciliar produção agrícola e conservação da biodiversidade.
No dia 06 de agosto do corrente ano foi realizada uma Live sobre o tema, intitulada “Mulheres no Agronegócio Sustentável por meio do Processo de Polinização com Abelhas”, promovido pela Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel), que contou com a participação da Ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
A Ministra Tereza Cristina destacou que a polinização é um bioinsumo e que há espaços para pesquisas e inovações neste assunto.
Algumas inciativas de produção de mel dentro de áreas cultivadas com café têm sido verificadas no país e são observadas com olhares atentos de diversos consumidores e produtores. Há um potencial mercado a ser desenvolvido, tanto do lado dos produtores, por meio da observação do aumento de produtividade e da qualidade, quanto aos consumidores, pelas características organolépticas diferenciadas que podem ser percebidas nos produtos melíferos entre eles os produtos como méis e seus derivados.
Segundo dados mencionados pela Mediadora, Andresa A. Berretta, Presidente da ABEMEL e fundadora Startup Agrobee, para lavouras de café que receberam polinização assistida e inteligente promovida pela startup Agrobee, na safra 2019/20200, registraram aumento de 20% na produtividade. Há também a possibilidade de uma maior interação entre produtores de mel e cafeicultores, que podem, por exemplo, alugar suas colmeias temporariamente aos agricultores, como já acontece com produtores de maçã.
Segundo dados do Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimento no Brasil, fruto da parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, o estudo indicou que a intervenção de polinizadores em cultivos de café favorece um aumento de 30% no rendimento desse cultivo, além de trazer outros benefícios.
Estudos anteriores demonstraram que o fruto do café pode apresentar aumento considerável no tamanho com a polinização por abelhas. Os frutos visitados por abelhas apresentaram tamanho 1,22 vezes maior do que os frutos nos quais a visita das abelhas foi isolada. Também foi detectado que as abelhas melíferas foram os principais insetos polinizadores a visitar as flores do café.
Sendo assim, a presença de polinizadores, como as abelhas, garante que haja uma maior produtividade e qualidade dos grãos, atendendo assim a demanda do mercado.
Diante do cenário apresentado, ainda há grandes oportunidades pela frente e, para continuar a avançar nesta vanguarda, será fundamental ampliar os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, bem como no fortalecimento de programas de sustentabilidade, difundindo cada vez mais as boas práticas para os produtores de todos os portes e tornar a cadeia nacional cada vez mais forte, ganhando cada vez mais participação no mercado global.
O Cecafé continuará seguindo em direção a sua missão: trilhando o caminho certo para um futuro cada vez mais sustentável e socialmente responsável.
Estudos mencionados:
Amaral, E. (1972). Produção de café na ausência e na presença de insetos polinizadores. Paper presented at the Anais do 2º Congresso Brasileiro de Apicultura, Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil.
De Marco Júnior, P. & Coelho, F. M. (2008). A polinização como um serviço do ecossistema: uma estratégia econômica para a conservação. Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Klein, A. M., Steffan‐Dewenter, I. & Tscharntke, T. (2003a). Bee pollination and fruit set of Coffea arabica and C. canephora (Rubiaceae). American Journal of Botany, 90(1):153-157.
(Fonte: CECAFÉ – Marcos Matos – Diretor Geral do CECAFÉ/ Lilian Vendrametto – Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ)