sexta-feira , 22 novembro 2024
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Alimentos termogênicos: auxílio para uma dieta saudável

pimenta planta jardim

m um momento em que a adoção de uma alimentação saudável se tornou uma questão de saúde pública, para que as pessoas possam ter a sua imunidade reforçada, principalmente aquelas que fazem parte de grupo de risco para a Covid-19, como idosos, hipertensos e diabéticos, conhecer novos alimentos e suas funções pode ser um grande auxílio neste contexto. “Cuidar da nossa saúde por meio da alimentação deveria ser uma rotina, assim como escovar os dentes e lavar as mãos – ato que se tornou símbolo de saúde neste momento –, pois muitas doenças crônicas da atualidade, como diabetes e hipertensão, podem ser adquiridas devido a uma má alimentação”, avalia Beatriz Cantusio Pazinato, nutricionista da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que atua na Divisão de Extensão Rural (Dextru) da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS).

Outra questão levantada pela nutricionista – em tempo de isolamento social no qual as pessoas estão em casa, muitas vezes sem uma rotina diária de exercícios físicos –,está relacionada a manutenção do peso. “Muitas pessoas estão em casa, trabalhando em sistema de home office, em que ficam horas sentadas, ou estudando de forma on-line, restritas em espaços menores; a tendência é diminuir as atividades físicas e, muitas vezes, ampliar a ingestão de alimentos industrializados, muitas vezes de elevada densidade calórica. Com isso, uma das consequências pode ser o aumento de peso, que pode levar à piora ou ao desenvolvimento de doenças”.

Nesse cenário, ganham destaques os alimentos termogênicos que, segundo a literatura especializada, são aqueles que demandam maior energia para que sejam digeridos pelo organismo, fazendo com que o gasto calórico durante a digestão seja maior. “Todos os alimentos, ao serem digeridos, demandam gasto energético desde a etapa da mastigação, até a absorção final dos seus nutrientes, inclusive elevam a temperatura corporal durante esse processo. Estudos apontam que aos alimentos conhecidos como termogênicos são atribuídas propriedades que aceleram o metabolismo e, consequentemente, favorecem o gasto calórico”, explica Beatriz, salientando que “a ingestão desses alimentos de forma isolada não será suficiente para garantir a perda de peso, pois requer também a prática frequente de atividade física e o consumo de alimentos equilibrados, de acordo com as necessidades nutricionais de cada indivíduo. Para conseguirmos emagrecer, precisamos gastar mais calorias do que ingerimos”, esclarece.

Existe pouca literatura científica disponível sobre esses alimentos, no entanto sabe-se que podem apresentar não apenas as propriedades de aceleração do metabolismo, como também ação antioxidante, melhorias na imunidade, diminuição da flatulência (gases), entre outras.

Plantas termogênicas – Cultivo

Segundo Maria Cláudia S. G. Blanco, engenheira agrônoma da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que atua na Dextru/CDRS, dentre as plantas consideradas termogênicas, encontram-se muitos temperos e especiarias. “O que é um presente ao paladar e torna a alimentação nutritiva ainda mais saborosa e convidativa. Temos como exemplos dessas plantas as pimentas em geral, o cravo, a canela, o gengibre, o cominho, o cardamomo e a mostarda; plantas ricas em óleos essenciais, os quais são constituídos por compostos que atuam favorecendo a saúde, além de conferirem sabor e aroma aos alimentos”.

A agrônoma informa que esses alimentos estão disponíveis no mercado, cultivados por agricultores que trabalham arduamente para a população ter segurança alimentar. “No entanto, neste momento em que muitos estão em distanciamento social, existem plantas termogênicas que podem ser cultivadas em casa, seja no jardim, no quintal ou mesmo em vasos ou jardineiras, plantas úteis para a nossa alimentação. Selecionamos aqui três culturas herbáceas e anuais para a descrição do cultivo, pois estas podem ser produzidas de forma caseira. Além da propriedade termogênica, elas possuem atributos que conferem sabor, aroma e benefícios medicinais para diversas preparações culinárias”.

COMINHO (Cuminum cyminum)

Nativo do sul da Rússia, o cominho é uma erva aromática anual com cerca de 50cm de altura. Usada como tempero, é um dos componentes do famoso “curry”. É utilizada, também, em preparações medicinais, especialmente para combater distúrbios digestivos.

A parte usada é o fruto, denominado aquênio (popularmente chamado de semente). Trata-se de um fruto simples e seco, com uma semente aderida por um único ponto em sua parede, característica típica das plantas da família Apiaceae, entre elas a erva-doce e o funcho.

O cominho é uma planta de clima subtropical; a temperatura ideal de cultivo se encontra na faixa de 10°C a 26°C, não suportando clima muito quente e seco. Prefere solo arenoargiloso, com pH em torno de 6,2, rico em matéria orgânica e cálcio.

A propagação é feita por sementes em sementeira ou viveiro para formação de mudas. Ao atingirem entre 5cm e 10cm de altura, podem ser transplantadas em canteiros, sob espaçamento de 30cm a 40cm entre linhas e de 15cm a 25cm entre plantas.

Pode ser facilmente cultivado em vaso ou jardineira, utilizando-se composto orgânico e adubos orgânicos adequados para hortaliças, encontrados em bons estabelecimentos agropecuários.

O solo deve ser mantido úmido, sem proporcionar encharcamento. O cominho precisa de algumas horas por dia de sol direto para seu bom desenvolvimento.

A colheita é feita de três a quatro meses após o plantio, quando as plantas começarem a secar e os frutos a mudar de cor (amarelecerem). Deve-se realizar o corte das plantas e posteriormente pendurá-las, invertidas; logo abaixo delas, colocar recipiente ou pano para receberem os frutos que caem do feixe após o término da secagem. Este procedimento pode ser feito à sombra, em temperatura ambiente ou em secador com temperatura máxima de 40oC. Os frutos do cominho podem ser usados inteiros ou moídos para preparação de chá medicinal, pães, carnes, sopas etc.

GENGIBRE (Zingiber officinale)

O gengibre, originário da Ásia, é uma planta perene rizomatosa que pode atingir um metro de altura. O rizoma carnoso é a parte comestível da planta, sendo utilizado na culinária; na agroindústria de bebidas e alimentos; na perfumaria; e na produção de medicamentos e cosméticos.

Prefere clima quente e úmido com precipitação (chuvas) de no mínimo 1.500mm/ano. Exige solo fértil, leve, bem drenado e rico em matéria orgânica.

O plantio deve ser feito em local definitivo, por meio de rizomas que tenham de 5cm a 10cm de comprimento e com gemas túrgidas (em início de brotação). Os rizomas são colocados em sulcos de 10cm a 15cm de profundidade e cobertos com uma camada de 5cm a 10cm de terra. A adubação de plantio é feita com cinco toneladas de composto orgânico por hectare.

Caso seja necessário o plantio em vaso, este deve ser grande e de boca larga, capaz de comportar os rizomas crescidos e facilitar a colheita. Utilizar composto orgânico e adubos orgânicos para hortaliças, como torta de mamona.

O gengibre deve ser plantado de setembro a novembro. A colheita se dá após sete até 10 meses do plantio, quando as folhas secam. O espaçamento recomendado é de um metro entre linhas e 40cm entre plantas.

Os principais cuidados são a manutenção da umidade do solo, mas sem encharcamento; a realização de amontoas (chegamento de terra no colo da planta) para cobrirem os rizomas superficiais, de três a quatro vezes durante o ciclo da cultura (no vaso, basta colocar terra a medida em que eles aparecerem na superfície); e a adubação de cobertura, a qual deve ser realizada em dois momentos usando-se cinco toneladas de composto por hectare antes da primeira amontoa (90 dias) e cinco toneladas de composto por hectare antes da terceira amontoa (150 dias).

O gengibre pode ser consumido fresco ou desidratado e é utilizado em diversos produtos medicinais como xarope e pastilhas, em variadas preparações culinárias doces ou salgadas e em chás, sucos e outras bebidas como o quentão, típico das festividades juninas brasileiras.

PIMENTAS (Capsicum spp)

Há vários tipos de pimentas, com diferentes formatos, cores, aromas e graus de pungência. Muitas são originárias das Américas, inclusive do Brasil. Ao escolher a variedade para plantio, selecione a que mais agrade o paladar, além de considerar a resistência da variedade às doenças que mais ocorrem nessa cultura. Dentre as mais cultivadas no Brasil, temos a dedo-de-moça, cumari, de cheiro, malagueta, biquinho e pimenta-de-bode.

Podem ser plantadas no campo ou em vasos, neste caso utilizar húmus de boa qualidade, sementes ou mudas de boa procedência e fertilizantes orgânicos para hortaliças como torta de mamona, geralmente encontrados em bons estabelecimentos agropecuários.

No campo, o plantio das mudas produzidas em viveiro é feito em sulcos de 30cm a 40cm de largura por 20cm a 25cm de profundidade, distanciados por 80cm ou em covas de 20x20x20cm, espaçadas de um a 1,5m entre linhas e de 0,5m a 0,9m entre plantas.

A adubação de plantio é realizada com 15 até 40 toneladas/ha de composto orgânico ou esterco de curral curtido. A adubação de cobertura, com 50g a 100g por planta de torta de mamona, deverá ser dividida em quatro aplicações, sendo uma delas no início do florescimento e outra na frutificação.

A pimenteira pode produzir por vários meses, por isso recomenda-se que seja tutorada com meia estaca (pode ser de taquara ou bambu) e feita uma poda após o término de cada colheita, estimulando a rebrota da planta. A colheita se inicia de 90 a 140 dias após o plantio, dependendo da variedade, do manejo etc.

As pimentas são consumidas frescas, desidratadas ou em conserva. Compõem diferentes pratos salgados e doces, oferecendo-lhes um toque picante ou “de cheiro” que os tornam especiais e inesquecíveis.

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