sexta-feira , 22 novembro 2024
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Minas aumenta eficiência do licenciamento e reduz tempo médio de análise para dez dias

Com menos de quatro meses de funcionamento do sistema digital, estado se torna o mais ágil na avaliação de pedidos

Os primeiros cem dias de funcionamento do novo Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) revelam um dado inédito para Minas Gerais. Além da redução de gastos para os cofres públicos, a chegada da tecnologia permitiu ganhos em eficiência e diminuiu o tempo de análise dos processos, de uma média de 51 para 9,66 dias.

A mudança, resultado de um processo totalmente digital, garante maior regularização ambiental e coloca Minas como o estado mais ágil em relação à análise de processos de licenciamento no país.
Divulgação / Semad

A constatação tem como base a comparação entre o levantamento chamado “Painel do Licenciamento Ambiental no Brasil” e pesquisa atual feita pela Semad. O primeiro estudo é anterior ao lançamento do SLA e foi feito pela empresa Way Carbon, especializada em ecoeficiência e economia de baixo carbono. Foram utilizados dados das licenças ambientais emitidas nos últimos dez anos no país, entre 2009 e 2019, disponibilizados pelo Portal Nacional de Licenciamento Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O painel mostrou que Minas Gerais ocupava a segunda posição entre os estados que emitem as licenças com maior agilidade no Brasil, com média de 51,4 dias, levando em consideração 13 tipos de licenças. O primeiro lugar era ocupado pelo Espírito Santo, com 20,2 dias.

Balanço

Como a coleta dos dados desse estudo foi feita em outubro de 2019, antes da entrada em vigor do SLA, a Semad fez uma pesquisa própria, levando em consideração os processos que passaram a tramitar exclusivamente no novo sistema em cem dias de funcionamento.

No período, foram mais de 12 mil solicitações de regularização ambiental recebidas, chegando à média de 9,66 dias para emissão de todos os tipos de licença. Proporcionalmente, esse número indica um cenário que deverá chegar a cerca de 40 mil pedidos por ano. Antes do novo sistema, o fluxo de pedidos analisado pela Semad era de aproximadamente 7 mil por ano.

“Conseguimos as duas coisas. Um processo de licenciamento criterioso, tutelando todos os bens naturais, culturais, comunidades tradicionais legalmente protegidas e demais aspectos importantes para a preservação do meio ambiente. E também passamos a ter o tempo de resposta mais ágil de todos os estados do Brasil”, avalia o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira.
Divulgação / Semad

O secretário adverte que é necessário avançar, no entanto, em novas ferramentas de avaliação ambiental, como a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), prevista tanto nos projetos de lei geral de licenciamento na Câmara dos Deputados e quanto no Senado Federal.

“Com esta ferramenta, poderemos ser ainda mais criteriosos, uma vez que as políticas de desenvolvimento irão passar por um filtro ambiental mesmo antes de se tornarem um projeto passível de licenciamento. Ou seja, teremos as variáveis ambientais sendo discutidas em um momento prévio, sem qualquer impacto, considerando aspectos sociais, econômicos e ambientais” acrescenta.

O subsecretário de Regularização Ambiental da Semad, Anderson Aguilar, pontua que a ferramenta também se destaca pela economia. “A inovação vai poupar R$ 500 mil por ano aos cofres públicos com a eliminação dos processos físicos e o não uso de papel, pastas e impressoras”, afirma.

Dos 12.046 pedidos de regularização que deram entrada em pouco mais de três meses, 956 processos de licenciamento ambiental foram formalizados. Destes, 90% já estão concluídos. A Semad também analisou 4.738 pedidos de dispensa do licenciamento. O restante ainda depende de anexação de documentos ou pagamentos devidos por parte dos empreendedores para que se transformem, efetivamente, em solicitações que serão avaliadas.

Dispensa de licenciamento

A novidade representada pelo SLA traz ainda mais qualidade para o sistema, a partir de uma constatação numérica importante. Em pouco mais de três meses, a Semad já convocou 300 empreendimentos que se declararam não passíveis de licenciamento ambiental a providenciarem as devidas licenças, graças aos filtros estabelecidos pelo programa que elevaram os níveis de controle dos processos.

Antes da entrada do SLA, o empreendedor se declarava não passível conforme a lista de atividades obrigatórias para licenciamento. Com respaldo da legislação, esse fluxo de processos não era analisado pelo corpo técnico da secretaria, cabendo à fiscalização da Semad as ações de punição, caso algum empreendimento que tivesse se declarado na categoria dispensa de licenciamento fosse flagrado em desconformidade com a lei.

Com o apoio da tecnologia, esse controle passou a ser potencializado pelo sistema e, por isso, o rigor aumentou. A expectativa da Semad é que, anualmente, cerca de 1 mil empreendimentos que se declarem não passíveis sejam convocados ao licenciamento ambiental a partir das inovações do SLA. A entrada da análise das certidões de dispensa do licenciamento dentro do sistema é um dos motivos que explica o aumento expressivo do número de solicitações para regularização ambiental a partir do novo programa.

Outra questão que também contribui para o aumento de pedidos é o fato de a ferramenta ser 100% digital, o que faz com que mais pessoas busquem o órgão, segundo o diretor de Estratégia em Regularização e Articulação com Órgãos e Entidades Intervenientes da Semad, Daniel dos Santos Gonçalves. O incremento de processos deve chegar a 470% (de 7 mil para cerca de 40 mil por ano).

Agilidade e controle

Apesar desse aumento de entradas, com um sistema totalmente eletrônico é possível encurtar as etapas, mantendo o que é essencial para o processo. Além disso, o programa diminui distâncias que antes custavam tempo de tramitação. “Se eu tiver um técnico que faz uma análise de espeleologia só no Norte de Minas, por exemplo, eu consigo mandar esse processo de forma eletrônica, ele faz análise e volta para a regional que é competente, de forma bem mais ágil. Também dentro do sistema, todos os analistas conseguem visualizar a informação do empreendimento. Isso facilita muito a agilidade do processo”, diz Gonçalves.

Outra possibilidade trazida pelo SLA é o aumento da transparência do processo de licenciamento, o que gera uma maior possibilidade de acompanhamento e controle tanto de órgãos como o Ministério Público quanto da própria população. O sistema permite a entrada de visitantes para visualizar a documentação dos processos a partir do portal Ecosistemas, que abriga o SLA, sem necessidade de cadastramento.
Divulgação / Semad

Tecnologia em alta

A implantação do SLA faz parte de um contexto de investimento maior em tecnologia pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema). Outro marco da modernização do planejamento territorial foi a implementação da Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE-Sisema), em março de 2018.

A plataforma, desenvolvida na Semad, permite a visualização completa dos atributos ambientais existentes no território mineiro, entre outros aspectos que são exigência para regularizar empreendimentos a partir do licenciamento ambiental e também para uso da água. Em 2019, a IDE alcançou a marca de 483 camadas geográficas de informações e tem a expectativa de adquirir mais uma série de camadas neste ano.

(Agência Minas)

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