Vanderlei de Moura conta que é cafeicultor desde que se entende por gente. Apreendeu o ofício trabalhando na lavoura com os pais e irmão. Sempre atendo a novas tecnologias que melhorassem o desempenho na atividade, o produtor buscou o Sindicato dos Produtores Rurais de Simonésia para fazer o curso do Degustação e Classificação de Café oferecido pelo Sistema Faemg.
O objetivo era se capacitar para investir na produção de café especial que ele iniciou em 2016. No Sindicato ele conheceu o Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG Café+Forte do qual faz parte há dois anos. “É a primeira vez que trabalho com acompanhamento profissional e tem feito total diferença. A gente perdia muito dinheiro, não anotava nada. A consultoria vai além da lavoura e isso ajuda demais. Eu não fico mais sem técnico”, afirmou Vanderlei.
Exportação
O técnico de campo Wanderlei Miranda é quem acompanha o produtor Vanderlei na propriedade. Além do nome, ambos têm em comum a busca por qualidade na produção de café e juntos eles estão conseguindo um grande feito: a comercialização para o exterior, com a venda direta para a empresa italiana Illy.
“Vi que o Vanderlei produzia um café com potencial para alcançar os padrões deles, e ele abraçou a ideia. O café é entregue em São Sebastião do Paraíso, em uma carga rastreada, com toda a segurança e conseguimos fechar negócio com valor agregado”, explicou o técnico do ATeG.
Para fazer as vendas Vanderlei cumpre uma série de exigências estabelecidas pela empresa como ter um café com menos de 12% de umidade, sem resíduo de agroquímicos, peneira 16 acima, despolpado. Na transação internacional ele consegue um valor até 20% maior por saca que o valor do mercado nacional.
No ano passado, o cafeicultor vendeu cerca de 400 sacas para o exterior e este ano a expectativa é de que o número chegue a 500. “Foi uma venda excelente. Ganhamos, já descontadas as despesas, R$258 a mais por saca”, contou satisfeito.
Atualmente o produtor de Simonésia é membro do seleto Clube Illy, que reúne os principais fornecedores de café para espresso da empresa e os recompensa pela adesão aos seus conceitos de qualidade e pela fidelidade no fornecimento de grãos.
“Estamos no caminho certo. Melhorar a produtividade e a qualidade produzindo com carinho e capricho. Uma parte importante do ciclo que é atingir a comercialização com valor agregado, vai se completando com sucesso”, comentou o técnico Wanderlei.
Capacitação
Além do curso de Classificação e Degustação, Vanderlei segue buscando conhecimento com cursos do Senar Minas. Ela também tem no currículo os cursos de Torra, Classificação e Degustação de Cafés Especiais e comercialização. “Toda mudança é um desafio, por isso busco estar sempre preparado e aprendendo”.
Família
Com o ATeG Café+Forte o investimento nos cafés especiais se intensificou no Sítio Posse da Cachoeira e a esposa de Vanderlei, Luciene Medeiros de Moura passou a se dedicar ao preparo de micro-lotes da produção. Ela contou que o maior envolvimento da família na atividade é consequência do ATeG. “Essa forma de trabalhar consegue fazer a gente se sentir parte e fazer a diferença no trabalho. Meu esposo sempre fez questão de me deixar a par de tudo, mas hoje, com o ATeG, consigo compreender melhor os processos”.
Luciene acredita que o café especial é uma oportunidade de envolver as mulheres e os jovens na cafeicultura.
Para ela, ele abre caminho para a inclusão feminina e para a sucessão familiar. “Às vezes a mulher rural tem dificuldade de participar das etapas de produção e vejo que há uma necessidade de buscar novos horizontes para o café, e o café especial abre esse caminho. Para os jovens, ele pode ser a oportunidades de permanecer no campo”.
Luciene e Vanderlei tem duas filhas, Camile, de 19 anos é grande incentivadora da produção do café superior, e sempre que possível ajuda nos processos. Mas segundo a mãe é a filha caçula, Larissa, de 9 anos, quem mais se envolve na atividade. “Ela se interessa muito! Participa de tudo, e tem afinidade com a atividade. Ela já toma a bebida e até identifica as notas de sabor”, contou Luciene.
A produtora cada vez mais engajada, agora é membro da Associação de Mulheres do Café da Região das Matas de Minas e Caparaó (AMUC) e conta que o encontro com outras produtoras proporciona momentos de fortalecimento, identificação e inspiração.
“Fiquei encantada quando conheci a AMUC. A associação é muito importante para a valorização da mulher no trabalho rural principalmente na cafeicultura, já que nós temos a dedicação que o café especial precisa. Me unir a mulheres que vivem a mesma realidade que eu, traz novas experiências, amizade e mais união entre a família”.
Concursos
A família Moura está empenhada em participar de concursos de qualidade do café. Para Luciene o 6º lugar no concurso municipal de Simonésia de 2021 deu confiança para seguir participando de competições. Se não participar a gente não conhece o que produz e onde pode melhorar. Nossa busca constante é por qualidade”.
Este ano ela mandou amostras para o Florada Premiada, concurso promovido pelo Café Três Corações.
Vanderlei está participando do 6º Cupping ATeG Café+Forte e espera poder figurar entre os melhores. “A gente tenta fazer o melhor. A concorrência é forte e a gente tem que estar junto. Acredito que estamos no páreo”.
SENAR-MG